Selinonte
Selinonte foi uma sub-apoikia de Mégara Hibléia, fundada em fins do século VII a.C. no litoral sudoeste da Sicília. Foi uma apoikia que prosperou muito e que já em 570 a.C. fundou sua própria sub-apoikia, Heracléia Minoa, no caminho de Agrigento. Em 409 a.C. foi destruída pelos cartagineses e daí em diante permaneceu em mãos dos púnicos com exceção de um breve período em que foi ocupada por Dionísio de Siracusa no início do século IV a.C. Em 250 a.C., depois da segunda guerra púnica, a cidade foi abandonada.
Code: SEL
Actual name: Selinunte
Original idiom name: Σελινοῦς
Latin name: Selinus
Region: Sicília (Costa Oeste)
Archaeological site: archaeological site 1
Longitude: 12.824721
Latitude: 37.583054
Media
Formas de ocupação da ásty > Áreas sagradas: depósitos, templos, capelas, santuários, altares
Templo B é considerado de época helenística, com data entre os séculos IV e III a.C.. Está situado ao lado do templo C no santuário principal da acrópole de Selinonte. A ordem é dórica.
Mertens (2010) estuda todas as variações do estilo dórico em Selinonte.
- MERTENS, D.; Città e monumenti dei Greci d’Occidente.
- MERTENS, D.; L'architettura templare
- CARRATELLI, G. P.; Sikanie: Storia e civiltà della Sicilia greca.
Museu > Objeto arqueológico
Este conjunto de peças foi selecionado para que se visualize um pouco alguns tipos de objeto provenientes desta cidade.
Vale observar que as moedas trazem como emblema uma folha de aipo: sélinon em grego.
Estela votiva do santuário de Zeus Meilichios. Primeira metade do séc. III a.C.
Cabeça feminina de mármore do templo E, 470-460 a.C.
Cabeça feminina do templo E, 470-460 a.C.
Cabeca feminina de mármore de uma métopa do templo E, 470-460 a.C.
Enócoa coríntia com representação de Ártemis, senhora dos animais.
- INSTITUT, D. A.; Archäologischer Anzeiger. (2003)
- STEFANO, C. A. d.; MOSCATI, S.; Museu Archeologico,
- HOLLOWAY, R. R.; The Archaeology of Ancient Sicily.
- CARRATELLI, G. P. (ed.); The Greek world: art and civilization in Magna Graecia and Sicily.
- MINÀ, P.; Urbanistica e architettura nella Sicília greca.
Formas de ocupação da ásty > Grade urbana: acrópole, quarteirão, ágora, platéias, estenopes, orientação
Muito se discute sobre a unidade básica do planejamento espacial da polis: a partir de quarteirões? de lotes? de eixos viários? Nesta imagem medidas comparativas entre os quarteirões das diferentes áreas de Selinonte são apresentadas.
A topografia do assentamento é acidentada e alguns autores notam que parte dos princípios da especialização dos espaços da cidade levava em consideração este fator para melhor aproveitamento do terreno. Observemos as duas extremidades, leste e oeste no norte de Manuzza, as ruas em eixo norte-sul com desvio de 22 graus para oeste em relação à malha da acrópole, permitindo otimização do terreno (Mertens 2010: 100). O entroncamento dos dois sistemas viários, ou seja, a interconexão entre a acrópole e o planalto de Manuzza é constituído por uma área quase plana, em formato trapezoidal que, mais tarde (não na fase de frequentação 750-600 a.C.) veio a abrigar a ágora (Mertens, 2005: 31). Este posicionamento e formato trapezoidal - peculiar se tomado isoladamente - tem conexão com a disposição dos espaços especializados da cidade-mãe Mégara Hibléia. Sobre as implicações dos aspectos relacionais do urbanismo de Selinonte e Mégara Hibléia ver dissertação de mestrado de Christiane Teodoro Custodio, especialmente o capítulo 4.
Nos sistemas viários da acrópole e do planalto de Manuzza a distância dos estenopos que definiam os quarteirões medem em média 32,80m = 100 pés. Para Mertens este dado é indicativo de um mecanismo que visava uma primeira repartição da área urbana; o objetivo poderia não ser, prioritariamente, a articulação das vias mas, sobretudo, um arranjo de distribuição aparentemente similar àquele implantado na subdivisão do interior agrícola - khóra (Mertens, 2010: 100).
As casas tiveram o tamanho de área construída progressivamente ao longo do século VI a.C. Isso tem alimentado o debate sobre o tamanho dos lotes consignados aos colonos em diferentes fases de desenvolvimento da cidade. As insulae que margeiama ágora de Selinonte se dividem em lotes habitacionais (oikopeda) de tamanhos idênticos (o mesmo ocorre em Mégara Hibléia). As casas foram edificadas dentro dessas subdivisões desde o século VII a.C. Esta divisão é símile em vários pontos do assentamento e permanece como unidade de tamanho usual até a destruição da cidade em 409 a.C.). Os lotes apresentam formato quadrado, medindo 14,50m de área construída e superfície de 210-215 metros quadrados de tamanho, o que Mertens (2010) interpreta como sendo o dobro das unidades loteadas em Mégara Hibléia, indicativo, portanto, das ambições da fundação colonial, e mais, tal unidade-base germinal pode ter derivado as dimensões de toa a insula. Dois lotes justapostos estabeleciam a largura e o comprimento e seus múltiplos, forçosamente estabeleciam todos os oikopedas e, estes eram separados em espaços que proviam abastecimento de água e ventilação (Mertens, 2010: 104). Para outras considerações sobre a relação das dimensões dos lotes e malha viária ver dissertação de mestrado de Christiane Teodoro Custodio (2012), especialmente pp. 89-93.
Datações absolutas obtidas em pontos distintos e equidistantes da área urbana mostram que, paralelamente a implantação da malha viária eram erigidos os muros do vale do rio Cotone e, possivelmente o inteiro traçado da ásty já estivesse integrado à especialização observada no santuário da acrópole e ágora (Danner, 1997: 154; Mertens 2010: 100).
- CUSTODIO, C. T.; Khóra e ásty nas pólis grgas do Ocidente: o caso de Selinonte
- MERTENS, D.; L'urbanistica della città greca
- DANNER, P.; Megara, Megara Hyblaea and Selinus: the relationship between the town planning of a mother city, a colony and a sub-colony in the Archaic period.
- MERTENS, D.; Selinunte
- BOLLATI, R.; BOLLATI, S.; Siracusa: genesi di una città. Tessuto urbano di Ortigia.
Formas de ocupação da ásty > Grade urbana: acrópole, quarteirão, ágora, platéias, estenopes, orientação
Estas plantas gerais mostram bem a organização urbanística de Selinonte, os vários eixos de orientação e a integração da acrópole com a área denominada Manuzza. Ao mesmo tempo, elas representam vários estágios da pesquisa arqueológica. Inicialmente, somente a área da acrópole era mais conhecida e como esta área estava cercada por uma muralha, acreditou-se que esta era a cidade de Selinonte. Mais adiante, verificou-se, por meio das escavações, que estas muralhas eram de época de ocupação púnica e portanto mais tardia e que a cidade arcaica e clássica se estendia por toda a área interior na região da Manuzza e com outra orientação na grade viária. Ao mesmo tempo a informação negativa de muralhas do lado oeste, possibilita a discussão a respeito dos limites da área central desta pólis.
O instituto arqueológico germânico tem atuado nas últimas décadas em um amplo programa de estudo da topografia de Selinonte. Parte dos resultados, obtidos por meio de prospecções geofísicas, revelaram os muros que margeavam o vale do rio Cotone e eles estavam integrados à malha viária do primeiro quartel século VI a.C. A estrutura interna dos muros apresenta o mesmo calcário usado na construção de diversas fundações de habitações de época arcaica. Compõe o mesmo projeto uma grande porta (leste) posicionada para proteger a grande artéria que coligava a área urbana com o santuário da colina oriental; a porta era protegida por um bastão semi-circular (Mertens, 2005: 31). A construção dos muros também é contemporânea à construção dos primeiros edifícios públicos monumentais, os templos perípteros na acrópole o Mégaron (c. 580/570 a.C), na colina oriental o Templo E(2) (c. 600 a.C.) sucessor do Templo E(1) erigido no século VII a.C. (De Angelis, 2003: 135; Mertens, 2005: 31; Veronese, 2006: 518-519).
Planta de Selinonte feita por Dieter Mertens com base em dados de escavações recentes.
Planta esquemática do sistema viário.
Panorama do sul (DAI Roma, Schläger 1968).
Planta urbana. (1:10.000. M. Schützenberger).
Planta da ágora. (1:2000.M. Schützenberger).
Planta da acrópole (Theodorescu).
Ágora, santuários e grandes eixos de circulação em Selinonte. (escala 1/10000).
- MERTENS, D.; Città e monumenti dei Greci d’Occidente.
- TRÉZINY, H.; GRAS, M.; La mise en place du plan urban.
- VERONESE, F.; Lo spazio e la dimensione del sacro: santuari greci e territorio nella Sicilia arcaica
- ANGELIS, F. d.; Megara Hyblaea and Selinous: The Development of two Greek City-states in Archaic Sicily.
- MERTENS, D.; Selinunte
- COARELLI, F.; TORELLI, M.; Sicilia - Guide Archeologiche Laterza.
- CARRATELLI, G. P. (ed.); The Greek world: art and civilization in Magna Graecia and Sicily.
- MINÀ, P.; Urbanistica e architettura nella Sicília greca.
- MERTENS, D.; Verso l’agorá di Selinunte.
Formas de ocupação da khóra > Áreas sagradas: depósitos, templos, capelas, santuários, altares
Do lado leste da parte central de Selinonte, e na parte exterior dos muros da cidade, foram construídos três templos que datam dos séculos VI e V a.C. Dos três templos edificados no setor, o templo F – localizado entre o templo G e o E – é o mais antigo, data de 550/40 a.C. Na cronologia é seguido pelo templo G iniciado em 530 a.C. e pelo templo E iniciado em 520/10 a.C. A datação das três construções indica que foram contemporâneos, provavelmente concebidos em um único projeto de edificações monumentais na colina oriental.
Os três templos estão sobre a colina de Marinella que foi aplainada e eles tem proporções muito grandes. Na bibliografia estes templos são tratados como componentes do Santuário da colina oriental. Entretanto, muros de limitação do témeno nunca foram encontrados.
Os templos foram construídos no mesmo alinhamento que o sistema viário da acrópole. Todos eles tem datação aproximada do século VI/V a.C. O único que passou por uma reconstrução moderna é o chamado templo E talvez atribuído a Hera e aquele que se vê em pé em uma visita a esse sítio arqueológico. O templo mais ao norte (o edifício G), cujas ruínas se veem na imagem como um retângulo de pedras, é aquele atribuído a Zeus Olímpio (ainda que esta posição não seja consensual entre os diferentes autores (veja-se dissertação de mestrado de Lilian de Angelo Laky).
A colina oriental foi uma área extra-muros em relação direta com a função empórica - motivada pelo rio Cottone e pelo porto localizado na sua foz – e os seus santuários são interpretados em estreita ligação com o caráter da zona (Coarelli; Torelli, 1984: 81). O rio Cottone, além de abrigar o porto leste, era um dos caminhos de quem ia ou vinha do norte da khóra, portanto, a comunicação do interior com a área dos santuários e a área portuária (Laky, 2013: 119). Os templos da colina oriental estiveram localizados na altura da ágora, entre a zona da acrópole e a de Manuzza, ambas a oeste da colina. Portanto, a área da colina oriental esteve em relação direta a oeste com a área entre Manuzza e a acrópole, a área portuária leste no rio Cottone. A zona tinha uma saída direta para o mar através do rio e uma entrada e saída para o interior por meio do rio e do mar. Na planta da cidade, a posição dos templos na colina, em relação às outras estruturas da cidade, mostra que estes eram os santuários mais setentrionais de Selinonte, santuários com templos perípteros (circundados por colunas) monumentais. O Olimpiéion ou templo G, citado acima, o último templo a norte da cidade, é o que mais se aproxima do interior e do traçado norte das habitações que seguem da acrópole (Laky, 2013: 120).
A posse da área da colina oriental e o seu uso como local sagrado é tão antiga quanto as outras áreas mais antigas sagradas da cidade (templo C e santuário de Deméter Malophoros), como indica uma primeira fase de construção do templo E (E1) do início do século VII a.C. Assim, vemos também no caso de Selinonte a função dos santuários extra-urbanos em sancionar a captura do território pelos colonos. A distribuição das áreas sagradas periféricas delimitava o território apropriado pelos gregos, separando o espaço cívico daquele externo da cidade (Parise Presicce, 1984: 59).
As imagens aqui selecionadas mostram a colina oriental de vários modos: na sua inserção geral na planta de Selinonte; em vista aérea, em vista apenas do templo E.
Santuário da Colina Oriental a partir do norte.
Planta urbana. (1:10.000. M. Schützenberger).
Selinonte. Vista do Santuário na khóra.
Vista aérea das ruínas arqueológicas. Foto: Giuseppe Leone.
Templo de Hera, ou Templo E. Aprox. 460. Foto: Viliare G.
Vista aérea dos templos E, F e G sobre a colina oriental. O templo reconstruído é o E3. Fora da ...
- BORGIA, E.; MESSINEO, G.; Ancient Sicily.
- MERTENS, D.; Città e monumenti dei Greci d’Occidente.
- LABECA,; Foto Acervo Labeca
- HELLMANN, M.; L’ Architecture Grecque. 2. Architecture religieuse et funéraire.
- PRESICCE, C. P.; Nuovo Santuario periferico di Selinunte
- LAKY, L. A.; Olímpia e os Olimpieia: a origem e difusão do culto de Zeus Olímpio na Grécia dos séculos VI e V a.C.
- COARELLI, F.; TORELLI, M.; Sicilia - Guide Archeologiche Laterza.
- CARRATELLI, G. P.; Sikanie: Storia e civiltà della Sicilia greca.
- CARRATELLI, G. P. (ed.); The Greek world: art and civilization in Magna Graecia and Sicily.
Museu > Objeto arqueológico
Elementos arquitetônicos dos templos de Selinonte. Conjunto de métopas de cerâmica. As métopas eram inseridas entre um triglifo e outro, na arquitrave dos templos. Elas trazem representações de episódios míticos e o seu estudo permite muitas vezes identificar a a divindade a que era dedicado um templo e a data do edificio. O estudo aprofundado das métopas permite também mergulhar nas concepções religiosas e nas funções da religião na cidade antiga.
Nestas fotografias de métopas é interessante também notar como detalhes delas são revelados de formas diferentes quando a foto é em branco e preto e quando é colorida. O discurso científico que é construido a partir dessas imagens está, por força, informado pelo tipo de documento que se tem à frente.
Métopa do templo C retratando uma quadriga com Apolo, Ártemis e Latona. Metade do séc VI a.C.
- STEFANO, C. A. d.; MOSCATI, S.; Museu Archeologico,
- CARRATELLI, G. P. (ed.); The Greek world: art and civilization in Magna Graecia and Sicily.
- MINÀ, P.; Urbanistica e architettura nella Sicília greca.
Formas de ocupação da ásty > Áreas sagradas: depósitos, templos, capelas, santuários, altares
Estas plantas e reconstituições mostram o espaço do témeno do Templo C na ácropole de Selinonte. São imagens que correspondem aos vários períodos de desenvolvimento deste témeno: respectivamente datadas do período que vai de 650 a 560 a.C.; de 560 a 500 a.c.e ao século V a.C. Incluímos também uma imagem desse mesmo espaço em época helenística. Interessa observar como uma mesmo espaço é re-adapatado a necessidades diferentes. Um espaço que em época arcaica e clássica era sagrado passa a comportar uma ágora e espaços destinados à reunião de todo tipo, inclusive comercial. A planta da acrópole de Selinonte mostra bem o posicionamento do témeno do Templo C. Da mesma forma, a vista aérea apresentada mostra os vestígios da acrópole hoje em dia.
Santuário urbano, reconstituição do lado nordeste. (M. Schützenberger)
Planta da acrópole (Theodorescu).
Acrópole arcaica no fim do séc VI (de Gabrici).
Planta da zona circundante e templos C e D (de Gabrici).
Vista do templo C a partir do sul. Aprox. 540. (Foto: M.-Ch. Hellmann, CNRS)
- BORGIA, E.; MESSINEO, G.; Ancient Sicily.
- MERTENS, D.; Città e monumenti dei Greci d’Occidente.
- LABECA,; Foto Acervo Labeca
- HELLMANN, M.; L’ Architecture Grecque. 1. Les principes de la construction.
- COARELLI, F.; TORELLI, M.; Sicilia - Guide Archeologiche Laterza.
- CARRATELLI, G. P.; Sikanie: Storia e civiltà della Sicilia greca.
- CARRATELLI, G. P. (ed.); The Greek world: art and civilization in Magna Graecia and Sicily.
Formas de ocupação da ásty > Grade urbana: acrópole, quarteirão, ágora, platéias, estenopes, orientação
A Acrópole de Selinonte foi instalada sobre um talude 30 metros acima do nível do mar. Muros /terraços de contenção foram construídos na parte externa como forma de proteção. Uma área sagrada importante ocupa uma parte significativa na acrópole, que tem como espaço maior o témeno do templo C. Desta acrópole é possível ter uma vista tanto a leste (Colina oriental) como a oeste (Colina da Gaggera) onde, na khóra, foram instaladas importantes áreas sagradas.
Ainda que a grade urbana hoje mais conhecida de Selinonte tenha se consolidado a partir do final do século VI a.C., a orientação viária de Selinonte já estava definida anteriormente, quando da instalação na acrópole. Toda esta área se articula por meio de uma ágora à região conhecida pelo nome de Manuzza, área de instalação de quarteirões residenciais e que possuía outra orientação viária (veja-se as plantas de Selinonte).
Em época púnica, quando a população de Selinonte ficou mais retraída, esta acrópole foi cercada por muros levando- antes das escavações arqueológicas na Manuzza- a que se pensasse que o núcleo de Selinonte fosse bem menor.
Santuário urbano, reconstituição do lado nordeste. (M. Schützenberger)
Plano topográfico. Painel de sítio.
Muros. Projeto portas e muros.
Vista da cidade a partir do sul, por J. Hulot de 1910 (Hulot, Fougères 1910).
Templo D, visto a partir do sudeste. Em primeiro plano, o altar.
Acrópole. Porta norte vista a partir do lado interno. Projeto portas e muros.
- BORGIA, E.; MESSINEO, G.; Ancient Sicily.
- MERTENS, D.; Città e monumenti dei Greci d’Occidente.
- LABECA,; Foto Acervo Labeca
- CARRATELLI, G. P.; Sikanie: Storia e civiltà della Sicilia greca.
- MINÀ, P.; Urbanistica e architettura nella Sicília greca.
Técnicas construtivas > Detalhes arquitetônicos
Os detalhes arquitetônicos aqui apresentados ajudam-nos a compreender como os gregos construíam os seus edifícios. Ainda que as casas pudessem ter apenas a base das paredes feitas de pedra, os edifícios públicos, religiosos ou civis, eram em geral construídos com pedras esculpidas e às vezes acrescidos de detalhes -como as métopas e outras esculturas arquitetônicas- em argila.
Nestas imagens podemos observar como as colunas são montadas a partir de tambores e depois são acaneladas; como a arquitrave se posiciona sobre os capiteis e sobre ela se colocam os triglifos; como os cantos dos templos são estruturados,; como as colunas se assentam sobre o estilóbato e como ainda o acesso a este se da por escadas. Também há imagens do assentamento de uma pedra sobre a outra na composição de paredes de contenção ou de edifícios e imagens do posicionamento das soleiras das portas. É fundamental notar também, a ação do tempo sobre os edifícios.....
Acrópole. Templo B visto a partir do leste.
Ângulo sul oriental do templo D.
Templo E, do século V a.C. Reconstruído em 1958. Interior.
Muros. Projeto portas e muros.
Templo D. Parte superior da coluna e do capitel destroçados do ângulo noroeste da perístase.
Muros. Porta lateral no final da acrópole do lado sul. Projeto portas e muros.
Ágora, casa arcaica, exemplos de construção. Projeto casas.
Ágora, casa arcaica, exemplos de construção. Projeto casas.
Templo C, triglifo angular. (Museo Palermo).
Coluna, aresta. Monumentalização.
Interior do Templo E, do século V a.C. Reconstruído em 1958.
Templo E, do século V a.C. Reconstruído em 1958.
Templo E, colunas, tambor, monumentalização.
Templo E, do século V a.C. Reconstruído em 1958.
Templo E, do século V a.C. Reconstruído em 1958.
Templo E, do século V a.C. Reconstruído em 1958.
Templo E, do século V a.C. Reconstruído em 1958.
- MERTENS, D.; Città e monumenti dei Greci d’Occidente.
- LABECA,; Foto Acervo Labeca
- CARRATELLI, G. P.; Sikanie: Storia e civiltà della Sicilia greca.
- MINÀ, P.; Urbanistica e architettura nella Sicília greca.
Formas de ocupação da khóra > Áreas sagradas: depósitos, templos, capelas, santuários, altares
Do lado oeste do núcleo mais densamente povoado, do outro lado do R. Selinos (moderno R. Modione), a uma distância perfeitamente caminhável, ida e volta em um dia, foi instalado um outro complexo sagrado em Selinonte. Esta área sagrada foi instalada sobre uma duna arenosa e tinha uma projeção topográfica diferenciada em direção à zona de expansão púnica, favorecendo a criação de um santuário “internacional” não estranho aos fenícios-púnicos do extremo Ocidente da ilha. Sabe-se também que a área já era freqüentada pelos elímios (povo não-grego que vivia no oeste da Sicília) na fase anterior à chegada dos gregos (Veronese, 2006: 506).
Vestígios de cultos em área aberta são precisamente observáveis em três partes separadas da colina da Gaggera (Urquhart, 2010: 219). A primeira delas está localizada abaixo das edificações do santuário de Demeter Malophoros e atesta uso intenso da área, com atividades concentradas especialmente ao redor do "altar primitivo", posicionado sobre solo virgem, com sinais intensos de queimas e material cultual asssociado. Dentre os vestígios encontram-se fragmentos de cerâmica de uma cratera proto-corintia (640-625 a.C), potes - alguns intactos -, (640 - 580 a.C.), tabuletas e miniaturas votivas, figuras de animais pequenos, objetos ornamentais e fragmentos de uma oferenda (Urquhart, 2010: 220). Nas outras duas áreas - também em locais que mais tarde viriam a ser construídos templos (o templo M e o Heraion) não há presença de estruturas físicas nos níveis abaixo dos santuários, mas lá foram encontrados fragmentos de cerâmica. Na área do futuro Heraion a cerâmica consiste exclusivamente em kotylai (copos de beber) do final do século VII a.C. Foram encontrados associados numerosos fragmentos de metais e estatuetas de terracota, madeira carbonizada e ossos, interpretado como testemunhos de uma ocupação local caracterizada por banquetes rituais e sacrifícios em um período anterior a construção dos edifícios sacros (Pompeo, 1999: 50-51 apud Urquhart, 2010:220-221). Sobre as implicações das datações e localização dos achados tidos como expedientes de territorialização e programa político ver dissertação de mestrado de Christiane Teodoro Custodio (2012).
O santuário mais visível ou que, ao menos, foi mais escavado e é hoje o mais conhecido, é o de Demeter Malophoros. Este santuário foi instalado sobre um local de culto mais antigo, pré-grego. Todo o témeno foi circundado por um muro e uma estrutura de culto mais simples -um mégaron- foi edificada no inicio do século VI a.C. Aproximadamente entre 560 e 550 a.C. este mégaron foi sobreposto por um templo maior e mais monumental. No século V a.C. foi construída também uma entrada monumental ao recinto de Demeter, um propileu, e ao lado um recinto cultual a Hécate propilaia - protetora das portas.
Na parte exterior do santuário de Demeter Malophoros, foi instalado um outro recinto cultual dedicado a Zeus Meilichios, cujas deposições e o altar datam do final do século VII a.C. O edifício sagrado é do primeiro quartel do século VI a.C. Uma fase de monumentalização da área sagrada é atestada a partir do século V a.C. e a sua destruição da segunda metade do século IV a.C. (Coarelli; Torelli, 1984: 101-102; Veronese, 2006: 527). A particularidade que caracteriza o témeno, seja do ponto de vista cultual ou arquitetônico, denota a constante interação entre o mundo grego, o fenício-púnico e o elímio (Veronese, 2006: 528).
Um pouco mais ao sul, há ainda um outro santuário dedicado a Hera. Neste último espaço foi escavado o assim chamado edifício Triolo.
Ao norte do santuário de Deméter foram igualmente escavadas as estruturas de um outro templo, denominado na bibliografia de templo M, também de caráter monumental. Em suas proximidades, havia uma fonte monumental de água.
A partir da acrópole, podia-se ver todas estas construções sagradas, como, hoje, pode-se ver suas ruínas.
Como vimos anteriormente, a colina oriental – se comparada com os santuários da colina ocidental de Gaggera – é caracterizada por templos monumentais e por cultos seguramente de tipo grego, de onde a carga simbólica (a linguagem cultual e arquitetônica) era endereçada e compartilhada somente pelo mundo grego, ao contrário da colina de Gaggera, cujos santuários eram voltados para uma realidade grega e não-grega (Veronese, 2006: 507).
Na planta da cidade de Selinonte, vê-bem toda esta área sagrada denominada, hoje, colina da Gaggera.
O edifício sagrado chamado Edifício Triolo norte (a partir de Malophoros II, 1986, p. 40, fig. 41).
Santuário da Maloforos (de Enciclopedia dell’Arte Antica).
Santuário de Deméter Maloforos. Recinto de Zeus Meilichios.
Planimetria do témeno de Zeus Meilichios (a partir de Gabrici 1927, coll. 93-94, fig. 53).
Vista da acrópole para o santuário da Maloforos e rio.
Santuário de Deméter Maloforos.
Santuário de Deméter Maloforos.
Santuário de Deméter Maloforos.
Santuário de Deméter Maloforos. Entrada.
Santuário de Deméter Maloforos.
Santuário de Demeter Maloforos visto da acrópole. Notar pequena ponte.
Santuário de Deméter Maloforos. Recinto de Zeus Meilichios.
Planta de Selinonte feita por Dieter Mertens com base em dados de escavações recentes.
- BORGIA, E.; MESSINEO, G.; Ancient Sicily.
- URQUHART, L. M.; Colonial Religion and Indigenous Society in the Archaic West Mediterranean c. 750 - 400 BC.
- LABECA,; Foto Acervo Labeca
- CUSTODIO, C. T.; Khóra e ásty nas pólis grgas do Ocidente: o caso de Selinonte
- HELLMANN, M.; L’ Architecture Grecque. 2. Architecture religieuse et funéraire.
- VERONESE, F.; Lo spazio e la dimensione del sacro: santuari greci e territorio nella Sicilia arcaica
- COARELLI, F.; TORELLI, M.; Sicilia - Guide Archeologiche Laterza.
- MARCONI, C.; Temple Decoration and Cultural Identity in the Archaic Greek World: The Metopes of Selinus.
- CARRATELLI, G. P. (ed.); The Greek world: art and civilization in Magna Graecia and Sicily.
Formas de ocupação da ásty > Grade urbana: acrópole, quarteirão, ágora, platéias, estenopes, orientação
Estas imagens mostram a ágora de Selinonte em sua função articuladora de duas malhas viárias com orientações diferentes. Na planta maior aparece a ágora no conjunto da área mais densamente povoada.
Todo o lado leste da ágora foi escavado a ali foram encontrados vestígios de residências datadas da fundação da cidade no século VII/VI a.C. Neste grupo de imagens, o lado leste da ágora fica bem visível e podemos também ver as plantas de algumas dessas residências.
Habitações construídas na área da acrópole e também datadas do século VII a.C. apresentam no tocante a alvenaria e tamanhos de áreas construídas similaridades com aquelas do planalto de Manuzza. Tais evidências são utilizadas para sustentar a hipótese de que ainda no século VII a.C. os colonos implementavam organização sistemática e divisão dos espaços para definição das ruas que comporiam a malha urbana que tomaria forma posteriormente (Rallo, 1976-77: 723-725 apud De Angelis, 2003: 128; Coarelli; Torelli, 1984: 73-74). Se tomando a orientação das construções em Manuzza e na acrópole datadas do século VII a.C somadas às datações atribuídas aos eixos viários e especialização de espaços cívicos e sacros observadas no mesmo período temos indicativos de uma organização espacial empreendida nos primeiros anos de desenvolvimento do assentamento (Danner, 1997: 152) Ver: dissertação de mestrado de Christiane Teodoro Custodio (2012) especialmente capítulo 3.
Na área sudeste do planalto de Manuzza localiza-se uma necrópole arcaica. Sua localização e as características do terreno (irregular/declive cf. carta topográfica do sítio) pode ter exercido influência na projeção dos quarteirões residenciais do século VII a.C. (Rallo, 1984: 91; De Angelis, 2003: 133). Ainda sobre aspectos da organização espacial no século VII a.C especula-se a possibilidade de que o ponto de partida da ocupação tenha sido a foz do rio Gorgo Cotone, onde teria sido instalado um porto primitivo e, partindo dele, algumas vias e quarteirões; que teriam uma orientação divergente daquela que foi consolidada na implantação da malha urbana consolidada no século VI a.C. As escavações realizadas no setor "porto primitivo" revelaram que as platéias 0 e 6 eram percursos utilizados por habitantes do assentamento em período anterior à chegada dos colonos gregos, estando em uso ao longo do século VII e VI a.C.. Essa orientação da malha do século VII a.C está possivelmente oculta no registro arqueológico em virtude das sucessivas atividades de edificações naquele setor do assentamento e o confronto dessa hipótese com os resultados da prospecção geofísica realizada no setor não é conclusivo e tem merecido atenção dos arqueólogos que coordenam os trabalhos no sítio (Mertens, 2010: 100-101).
Planta urbana. (1:10.000. M. Schützenberger).
Planta da ágora. (1:2000.M. Schützenberger).
Ágora, quarteirão do lado leste, lotes 5 e 6 vistos a partir do norte. Projeto casas.
Ágora, casa arcaica, exemplos de construção. Projeto casas.
Ágora, casa arcaica, exemplos de construção. Projeto casas.
Ágora, casa arcaica, exemplos de construção. Projeto casas.
Ágora, quarteirão do lado leste, lote 16. (1:500, M. Schützenberger) Projeto casas.
Casa do período clássico no quarteirão do lado norte da ágora, lote 16. Projeto casas.
Ágora, ínsula a leste da praça, vista do norte.
Ágora, santuários e grandes eixos de circulação em Selinonte. (escala 1/10000).
- MERTENS, D.; Città e monumenti dei Greci d’Occidente.
- CUSTODIO, C. T.; Khóra e ásty nas pólis grgas do Ocidente: o caso de Selinonte
- TRÉZINY, H.; GRAS, M.; La mise en place du plan urban.
- MERTENS, D.; L'urbanistica della città greca
- ANGELIS, F. d.; Megara Hyblaia and Selinous: The Development of two Greek City-States in Archaic Sicily.
- DANNER, P.; Megara, Megara Hyblaea and Selinus: the relationship between the town planning of a mother city, a colony and a sub-colony in the Archaic period.
- TUSA, S.; Selinunte.
- MERTENS, D.; Selinus I: die Stadt und ihre Mauern
Formas de ocupação da ásty > Grade urbana: acrópole, quarteirão, ágora, platéias, estenopes, orientação
Estas imagens mostram as partes do sistema viário de Selinonte: esténopes e platéias, muitas vezes articuladas às portas nos muros.
Estenope com muro ao final. Projeto portas e muros.
Estenope primeiro da acrópole.
Plateia principal na acrópole sentido sul.
Plateia principal na acrópole sentido norte.
- LABECA,; Foto Acervo Labeca
Formas de ocupação da khóra > Áreas sagradas: depósitos, templos, capelas, santuários, altares
Para se construir um edifício de dimensões gigantes é necessário força de trabalho, recursos e tempo. É necessário também liderança que leve uma cidade a aceitar esse desafio. É indispensável acreditar em um sentido para a existência desse tipo de edifícios. Em Selinonte, não poucos edifícos -templos- foram construídos em dimensões monumentais. Parte do discurso visual de poder autocrático tirânico? Competição com as pólis vizinhas? Construção de uma identidade específica da cidade?
De todo forma, vale notar nestas imagens as dimensões gigantescas dos tambores das colunas e dos seus capiteis.
- LABECA,; Foto Acervo Labeca
Técnicas construtivas > Detalhes arquitetônicos
Nestas colunas caidas de templo podemos observar como as colunas eram montadas a partir de tambores talhados na pedra.
Por outro lado, note-se na pedra no chão o desgaste provocado pelo abre e fecha de uma porta que já não existe mais.
- LABECA,; Foto Acervo Labeca
- CALÌA, S.; Selinunte. La città antica - V séc. a.C.
Formas de ocupação da khóra > Manuseio da água: canais, cisternas, poços.
Vestígios de canalização da água para drenagem sempre aparecem nas cidades gregas, seja na khóra, seja na ásty.Em geral acompanham as vias ou as paredes de edifícios.
- LABECA,; Foto Acervo Labeca
Formas de ocupação da ásty > Áreas residenciais
Na ágora de Selinonte foram encontradas residências alinhadas ao lado leste. Aqui pode-se observar a planta dessas habitações datadas de época arcaica e clássica
Planta da ágora. (1:2000.M. Schützenberger).
Ágora, quarteirão do lado leste, lotes 5 e 6 vistos a partir do norte. Projeto casas.
Ágora, casa arcaica, exemplos de construção. Projeto casas.
Ágora, casa arcaica, exemplos de construção. Projeto casas.
Ágora, casa arcaica, exemplos de construção. Projeto casas.
Ágora, quarteirão do lado leste, lote 16. (1:500, M. Schützenberger) Projeto casas.
Quarteirão Manuzza norte, visto a partir do noroeste. Projeto casas.
Casa do período clássico no quarteirão do lado norte da ágora, lote 16. Projeto casas.
- MERTENS, D.; Città e monumenti dei Greci d’Occidente.
Relacionamento ásty e khóra > Estruturas entre ásty e khóra: muros, necrópoles, santuários.
Plantas comparativas de templos em Selinonte. Observe-se a reconstituição do templo M feita a partir de planta recuperada em escavações.
Observe-se proporção das dimensões entre os diferentes templos.
Interessa observar a monumentalização dos templos que muitas vezes estava relacionada ao poder tirânico.
Planta comparativa dos Templos de Selinonte (da Enciclopedia dell’Arte Antica).
Templo G, final do séc. VI a.C. (Mertens 1984, fig. 78; Beil. 26, 1-2, 6-9, 11-12.)
Templo A, cerca de 450 a.C. (Mertens 1984, fig. 78; Beil. 26, 1-2, 6-9, 11-12.)
Templo E, 460-450 a.C. (Mertens 1984, fig. 78; Beil. 26, 1-2, 6-9, 11-12.)
Templo C, 550-540 a.C. (Mertens 1984)
Templo F, cerca de 520 a.C. (Mertens 1984, fig. 77.)
Templo D, cerca de 530 a.C. Mertens 1984, fig. 77.
Planimetria do templo protoarcaico E1 (a partir de Gullini 1985, tav. II, fig. 2).
Planimetria do templo F (a partir de Dinsmoor in Marconi Bovio 1966, p. 178).
Planimetria do templo G (a partir de Dinsmoor in Marconi Bovio 1966, p. 178).
- MERTENS, D.; Città e monumenti dei Greci d’Occidente.
- HELLMANN, M.; L’ Architecture Grecque. 2. Architecture religieuse et funéraire.
- VERONESE, F.; Lo spazio e la dimensione del sacro: santuari greci e territorio nella Sicilia arcaica
- COARELLI, F.; TORELLI, M.; Sicilia - Guide Archeologiche Laterza.
- MINÀ, P.; Urbanistica e architettura nella Sicília greca.
Reconstituições > Reconstituições
Existem muitas maneiras de lidar com o documento material recuperado nos trabalhos arqueológicos sobre a Antigüidade. Uma delas é a reconstituição. A partir de uma ou duas fileiras de pedra e mais alguns vestígios de colunas, podemos recuperar a estrutura de um templo ou de um edifício, desenhando sua planta original e sua configuração em várias dimensões. Podemos também elaborar maquetes.
Estas imagens mostram bem o que foi possível fazer com os vestígios recuperados das escavações em Selinonte, de sorte a alimentar o nosso conhecimento sobre a vida dos gregos na Antigüidade.
Santuário urbano, reconstituição do lado nordeste. (M. Schützenberger)
Vista da cidade a partir do sul, por J. Hulot de 1910 (Hulot, Fougères 1910).
- BORGIA, E.; MESSINEO, G.; Ancient Sicily.
- MERTENS, D.; Città e monumenti dei Greci d’Occidente.
- CALÌA, S.; Selinunte. La città antica - V séc. a.C.
- MINÀ, P.; Urbanistica e architettura nella Sicília greca.
Metodologia de pesquisa > Arqueologia do espaço
Este grupo de imagens mostra como podem ser elaborados gráficos a partir do uso da metodologia SIG na construção do conhecimento sobre o espaço na antigüidade.
- VERONESE, F.; Lo spazio e la dimensione del sacro: santuari greci e territorio nella Sicilia arcaica
Formas de ocupação da khóra > Áreas sagradas: depósitos, templos, capelas, santuários, altares
Templo E reconstruído em 1958. O mais meridional dos três edifícios da colina oriental e o mais antigo, era dórico com 6 x 15 colunas e a planta de 25,33 x 67,82 metros pertence ao templo (E3) de 460/50 a.C., embora tenha tido um antecessor no século VII (E1) e no século VI a.C. (E2) (Coarelli; Torelli, 1984: 81-83; Veronese, 2006: 508-509). O edifício é conhecido pelas quatro métopas recuperadas do pronaos, sendo uma das imagens representadas a hierogamia de Zeus e Hera. O templo E é atribuído a Hera com base numa inscrição de dedicação à deusa (IG XIV, 271) e na localização extra-urbana do santuário em proximidade ao porto, que encontra correspondência nos antigos santuários de Hera em Posidônia e em Crotona (Coarelli; Torelli, 1984: 88; Veronese, 2006: 505 e 508).
Vista aérea das ruínas arqueológicas. Foto: Giuseppe Leone.
Templo de Hera, ou Templo E. Aprox. 460. Foto: Viliare G.
Templo E, 460-450 a.C. (Mertens 1984, fig. 78; Beil. 26, 1-2, 6-9, 11-12.)
Templo E, do século V a.C. Reconstruído em 1958.
Templo E, do século V a.C. Reconstruído em 1958.
Templo E, do século V a.C. Reconstruído em 1958.
Templo E, do século V a.C. Reconstruído em 1958.
Interior do Templo E, do século V a.C. Reconstruído em 1958.
Templo E, do século V a.C. Reconstruído em 1958.
Templo E, do século V a.C. Reconstruído em 1958.
Templo E, do século V a.C. Reconstruído em 1958. Interior.
Planimetria do templo protoarcaico E1 (a partir de Gullini 1985, tav. II, fig. 2).
- BORGIA, E.; MESSINEO, G.; Ancient Sicily.
- LABECA,; Foto Acervo Labeca
- HELLMANN, M.; L’ Architecture Grecque. 2. Architecture religieuse et funéraire.
- VERONESE, F.; Lo spazio e la dimensione del sacro: santuari greci e territorio nella Sicilia arcaica
- COARELLI, F.; TORELLI, M.; Sicilia - Guide Archeologiche Laterza.
- CARRATELLI, G. P. (ed.); The Greek world: art and civilization in Magna Graecia and Sicily.
- MINÀ, P.; Urbanistica e architettura nella Sicília greca.
Formas de ocupação da khóra > Áreas sagradas: depósitos, templos, capelas, santuários, altares
O Templo F, o menor dos três edifícios da colina oriental, mede 24,43 x 61,83 metros, tinha 6 x 14 colunas e uma cela longa com pronaos (ante-sala) e ádito (sala sagrada localizada no fundo da cela). O achado de uma estatueta de Atena entre este e o templo E foi considerada evidência de que o edifício era dedicado à deusa (Bejor, 1977: 452). Contudo, a métopa fragmentária do templo F com a representação da luta entre Dioniso e um Titã e a importância e antiguidade do culto do deus em ambiente megarense tem atribuído o templo F ao deus. Em Mégara Nisea, cidade fundadora de Selinonte, Dioniso tinha um lugar de relevo com o epíteto Patróos e com um culto noturno, quando recebia o nome de Nyktelios (Bejor, 1977: 453; Coarelli; Torelli, 1984:84).
Templo F, cerca de 520 a.C. (Mertens 1984, fig. 77.)
Planimetria do templo F (a partir de Dinsmoor in Marconi Bovio 1966, p. 178).
- MERTENS, D.; Città e monumenti dei Greci d’Occidente.
- VERONESE, F.; Lo spazio e la dimensione del sacro: santuari greci e territorio nella Sicilia arcaica
- BEJOR, G.; Problemi di Localizzazione di culti a Selinunte
- COARELLI, F.; TORELLI, M.; Sicilia - Guide Archeologiche Laterza.
- MINÀ, P.; Urbanistica e architettura nella Sicília greca.
Formas de ocupação da khóra > Áreas sagradas: depósitos, templos, capelas, santuários, altares
O maior edifício da colina oriental, o templo G foi o maior templo dórico do mundo grego até a construção do Olimpiéion de Agrigento, pólis vizinha de Selinonte a leste, no princípio do século V a.C. (480 a.C.). O início da construção do templo G ocorreu na segunda metade do século VI a.C. em 530 a.C., e não foi finalizado até a destruição de Selinonte pelos cartagineses em 409 a.C. O templo G tinha uma planta retangular alongada com duas dimensões estimadas, uma em 49,97 x 109,12 metros, e a outra em 54,05 x 113,34 metros e a perístasis (a colunata que circunda o templo grego) era composta por 8 x 17 colunas (Coarelli; Torelli, 1984: 85; Mertens, 2006: 232; Veronese, 2006: 514). Era também pseudodíptero (havia uma espaço entre a cela e a perístasis que poderia comportar uma segunda colunata), característica arquitetônica dos templos dípteros (duas colunatas que cercavam o templo) monumentais da Jônia, que na Sicília foi empregada como tipo pseudodíptero nos templos de dimensões que atingiram os 50 x 110 m.
A cela possuía um pronaos profundo prostilo e tetrastilo, portanto, com 4 x 2 colunas e tinha a dimensão de c. 17 x 20 metros de largura interna. O naós era dividido em três naves de duas fileiras de 10 colunas terminantes em um naískos interno – o ádito – destinado à conservação da estátua de culto e considerado um elemento típico da arquitetura sagrada da Sicília e de Selinonte em particular. O tamanho das colunas, pequenas para sustentar um teto, e o achado de um canal para escoamento de água, acuradamente trabalhado no pavimento da cela, induziram a reconstrução do naós na forma de sêkós (não coberto pelo teto). Esta é uma das características principais do templo de Apolo Didimeus em Dídima, concebido em forma de sêkós e com um naískos semelhante ao templo G, o qual novamente encontra paralelos de relevo nos grandes templos dípteros do Oriente (Coarelli; Torelli, 1984: 86; Mertens, 2006: 233-234; Veronese, 2006: 514). O opistódomo distilo in antis não se comunicava com a cela e provavelmente funcionava para a conservação do tesouro do templo. Na área interna da cela foram encontradas escadinhas laterais, que provavelmente davam acesso ao telhado e ao subtelhado (Coarelli; Torelli, 1984: 86; Veronese, 2006: 514).
As colunas constituem a maior parte dos achados arquitetônicos do templo e nos dão a dimensão de sua monumentalidade. Como todos os elementos arquitetônicos escultóricos encontrados, as colunas eram feitas de calcário. Aquelas da perístasis atingiram 16,27 metros de altura, tinham uma circunferência de 10,70 metros. O diâmetro na base da coluna mede 3,41 metros, na parte mais alta media 1,41 metros e o capitel possui um ábaco de 16 m² (Bianco; Sammartano, 2004: 89; Coarelli; Torelli, 1984: 85; Di Giovanni, 1991: 56; Veronese, 2006: 514).
Assim como para os demais templos da colina oriental, há uma controvérsia sobre a qual divindade o templo G teria sido atribuído. Atualmente os especialistas têm aceito Zeus Olímpio como a divindade cultuada no templo, mas por muito tempo alguns supunham se tratar de Apolo. A dúvida entre Zeus e Apolo foi baseada na informação proporcionada por um bloco de pedra com inscrição, a dita Tábua de Selinonte, encontrada na entrada do ádito do templo G. A inscrição diz sobre um depósito de uma quantia em ouro no templo de Apolo e traz agradecimentos reiterados a Zeus. Os templos gregos funcionavam como arquivos cívicos e local para guardar dinheiro da pólis, quantias que pertenciam ao tesouro do deus e tinha sua sanção. Como não faria sentido a inscrição ser colocada no próprio templo de Apolo, os especialistas assumiram os agradecimentos a Zeus como evidência de que a inscrição havia sido colocada no templo da divindade. As similaridades arquitetônicas entre o templo G e o templo de Zeus Olímpio em Agrigento foram tomadas recentemente como fortes indícios de que o templo G era dedicado a Zeus Olímpio (Laky, 2013: 248-250).
Os templos dedicados a Zeus Olímpio no mundo grego, construídos nas pólis nos séculos VI e V a.C., são justamente aqueles edifícios que no Ocidente grego e na Grécia Balcânica foram resultado do fenômeno de propagação de medidas colossais não usuais para os templos gregos, oriundas da tirania na Jônia, através da competição entre os tiranos e as pólis gregas. Afora isso, nessas duas regiões, houve pela tirania a intenção de incorporar tais proporções ao culto de Zeus Olímpio – como não houvera em nenhuma outra parte do mundo grego – para legitimar e igualar sua autoridade na figura do deus, o rei dos deuses e dos homens (Laky, 2013: 297).
Templo G, final do séc. VI a.C. (Mertens 1984, fig. 78; Beil. 26, 1-2, 6-9, 11-12.)
Planimetria do templo G (a partir de Dinsmoor in Marconi Bovio 1966, p. 178).
- MERTENS, D.; Città e monumenti dei Greci d’Occidente.
- LABECA,; Foto Acervo Labeca
- VERONESE, F.; Lo spazio e la dimensione del sacro: santuari greci e territorio nella Sicilia arcaica
- LAKY, L. A.; Olímpia e os Olimpieia: a origem e difusão do culto de Zeus Olímpio na Grécia dos séculos VI e V a.C.
- SAMARTANO, A.; BIANCO, L.; Sèlinonte
- GIOVANNI, G. d.; Selinunte. Itinerario Archeologico
- COARELLI, F.; TORELLI, M.; Sicilia - Guide Archeologiche Laterza.
- MINÀ, P.; Urbanistica e architettura nella Sicília greca.
Formas de ocupação da khóra > Áreas sagradas: depósitos, templos, capelas, santuários, altares
O templo M está localizado na khóra de Selinonte, na colina da Gaggera, ao norte do Santuário de Demeter Malophoros. Seus vestígios são escassos, mas pode-se dizer que usufruía de uma vista privilegiada na medida em que estava posicionado numa parte alta da Colina inserindo-se na paisagem de forma visível a partir da acrópole. Seu alinhamento corresponde ao alinhamento viário da Manuzza que data da segunda metade do século VI a.C. O templo M foi escavado na década de 1950 e seu altar foi também desvelado.
- HELLMANN, M.; L’ Architecture Grecque. 2. Architecture religieuse et funéraire.
Formas de ocupação da ásty > Áreas sagradas: depósitos, templos, capelas, santuários, altares
O templo A construído no témeno do templo C da acrópole de Selinonte, é datado de 450 a.C., dórico de 16 x 40 metros, tem pronaos e opistódomo distilo in antis, naós e talvez ádito. A cronologia do templo A e também do templo O é incerta pela ausência de dados de escavação e pela relativa escassez de elementos estilísticos. Entretanto, a tipologia relativamente canônica das plantas consente datá-los entre 490 e 460 a.C., situando-os na fase do governo aristocrático (Coarelli; Torelli, 1984: 90; De Angelis, 2003: 138). A aparência “gêmea” dos dois edifícios levou os pesquisadores a pensarem que eram dedicados a Apolo e Ártemis (De Angelis, 2003: 138).
- MERTENS, D.; Città e monumenti dei Greci d’Occidente.
- ANGELIS, F. d.; Megara Hyblaea and Selinous: The Development of two Greek City-states in Archaic Sicily.
- COARELLI, F.; TORELLI, M.; Sicilia - Guide Archeologiche Laterza.
- CARRATELLI, G. P.; Sikanie: Storia e civiltà della Sicilia greca.
- MINÀ, P.; Urbanistica e architettura nella Sicília greca.
Formas de ocupação da ásty > Áreas sagradas: depósitos, templos, capelas, santuários, altares
O templo D também está posicionado na área do santuário principal na acrópole de Selinonte, no chamado témeno do Templo C.
O edifício localiza-se no ponto mais alto da acrópole a uma distância de 20 metros a noroeste do templo C. Era um pseudodíptero dórico, de 24 x 56 metros e 6 x 13 colunas. A cela é tripartida em pronaos distilo in antis com naós e ádito. O edifício é datado de 550 a.C. e atribuído ao culto de Atena com base no achado de duas inscrições do século V a.C. (De Angelis, 2003: 129-130; Veronese, 2006: 518-519).
Os templos C e D, A e O deram a toda a metade da colina meridional da acrópole um significado sagrado e um valor monumental peculiar, compondo, juntamente aos templos da colina oriental, uma coroa de majestosos edifícios sagrados como em Agrigento (Di Vita, 1996: 288-289).
Templo D, cerca de 530 a.C. Mertens 1984, fig. 77.
Templo D. Parte superior da coluna e do capitel destroçados do ângulo noroeste da perístase.
- MERTENS, D.; Città e monumenti dei Greci d’Occidente.
- ANGELIS, F. d.; Megara Hyblaia and Selinous: The Development of two Greek City-States in Archaic Sicily.
- CARRATELLI, G. P.; Sikanie: Storia e civiltà della Sicilia greca.
- VITA, A. D.; Urbanistica della Sicilia Greca
- MINÀ, P.; Urbanistica e architettura nella Sicília greca.
Relacionamento ásty e khóra > Caminhos, ruas, portas nos muros
Muros. Vemos nessas fotos e plantas a instalação dos muros em Selinonte. Mas, é importante lembrar que foi constatado que há vestígios da época arcaica e clássica apenas do lado leste da cidade, em direção à cidade grega de Agrigento com quem Selinonte competia. Esta é uma questão controvertida ainda nos estudos sobre esta cidade. Apenas mais tarde, e inclusive em época q a cidade fazia parte do domínio púnico a partir do início do século IV a.C. é que os muros rodearam toda a parte central que englobava a ásty. (vide dissertação de mestrado de Christiane Teodoro Custodio)
Nestas imagens vemos bem portas de muros abrindo-se em direção ao Santuário de Demeter Malophoros, na colina da Gaggera a lado oeste, técnicas construtivas dos muros e vias que terminam em portas nos muros.
Detalhe arquitetônico, muros. Projeto portas e muros.
Estenope com muro ao final. Projeto portas e muros.
Estenope com muro ao final. Projeto portas e muros.
Muro. Porta oeste. Ao longe, santuário de Demeter Maloforos. Projeto portas e muros.
Muros. Parte interna lado norte. Projeto portas e muros.
Estenope, última ao final da acrópole.
Muros. Porta lateral no final da acrópole do lado sul. Projeto portas e muros.
Esquema do sistema de defesa da acrópole.
Acrópole. Fortificação do lado norte, caminho protegido. Projeto portas e muros.
Acrópole. Porta norte vista a partir do lado interno. Projeto portas e muros.
- LABECA,; Foto Acervo Labeca
- FREDERIKSEN, R.; Greek City Walls of the Archaic Period, 900-480 BC (Oxford Monographs on Classical Archaeology)
- CUSTODIO, C. T.; Khóra e ásty nas pólis grgas do Ocidente: o caso de Selinonte
- CARRATELLI, G. P.; Sikanie: Storia e civiltà della Sicilia greca.
- HOLLOWAY, R. R.; The Archaeology of Ancient Sicily.