Priene

Priene era uma cidade grega localizada no vale do Rio Meandro em frente a Mileto, em território atualmente da Turquia. A localização atual e a que é visitada e fotografada é a instalação do século IV a.C. A cidade arcaica e clássica, ainda que seja documentada pelas fontes escritas ainda não foi localizada. Não era uma cidade grande ou especialmente importante na antiguidade mas arqueologicamente é um sítio relevante por ter sido muito escavado por arqueólogos alemães que conseguiram dados importantes relativos às habitações, disposição dos edifícios públicos, relação entre ásty e khóra e sobre o teatro. Neste aspecto Priene é um caso singular em que um único sítio pôde fornecer informações acerca do modo de vida grego como um todo já que vários tipos de edifícios foram escavados.

Code: PRI
Actual name: Priene
Original idiom name: Πριήνη
Latin name: Priene
Region: Ásia Menor (Jônia)
Sítio Arqueológico: archaeological site 1
Longitude: 27,297777
Latitude: 37,659722

Media

Fronteiras > Naturais: rios, topografia, mar

Fotos e reconstituições da região de Priene levando em conta os aspectos naturais, especialmente o relevo e os rios. As fronteiras naturais da cidade eram o Monte Micale e o Rio Meandro. Em algumas imagens é possível observar como o planejamento urbano fez uso da topografia local distribuindo os edifícios urbanos em diferentes níveis.

  • ARAUJO, M. C. S. d.; A malha urbana na Grécia helenistica: as plantas ortogonais e sua adaptação ao terreno. Relatório de iniciação científica.
  • AA.VV.,; Past worlds : the times atlas of archaeology.
  • SIDERIS, A.; GRAF, F.; FERLA, K.; Priene.
  • TRUMPLER, C. (ed.); GERSTER, G. (fotógrafo); The Past from above: Aerial Photographs of Archaeological Sites.
Relacionamento ásty e khóra > Orientação entre eixos viários de cada área

A malha viária de Priene era composta por 15 vias inclinadas, medindo cerca de 3,5 metros de largura, obedecendo uma orientação norte-sul. Estas são interceptadas pelas vias principais que mediam 7 metros de largura. As escavações identificaram 6 destas, inclusive a que dá acesso à área mais importante da cidade onde ficavam a ágora e o mercado na parte central do plano urbano. Estas 6 vias principais seguiam a orientação leste-oeste e cruzavam as outras em ângulos de 90 graus. A via principal saía do portão oeste tangenciando a ágora pelo lado norte e levava também aos templos de Atena, de Zeus e aos edifícios governamentais. Ela não faz, no entanto, a ligação com o portão leste o que alguns estudiosos interpretaram como relacionado à questões de segurança.

  • ARAUJO, M. C. S. d.; A malha urbana na Grécia helenistica: as plantas ortogonais e sua adaptação ao terreno. Relatório de iniciação científica.
  • LABECA,; Foto Acervo Labeca
Formas de ocupação da ásty > Grade urbana: acrópole, quarteirão, ágora, platéias, estenopes, orientação

A acrópole de Priene, que recebia o nome de Telonéia por causa do herói Télon, ficava localizada ao norte da cidade. Ficava no topo de um monte rochoso de encostas tão íngremes que em vários trechos nem havia a necessidade de cercá-lo com muralhas. Nos locais cercados por muralhas foram encontradas algumas torres de dois andares.

  • LABECA,; Foto Acervo Labeca
  • SIDERIS, A.; GRAF, F.; FERLA, K.; Priene.
Formas de ocupação da ásty > Áreas sagradas: depósitos, templos, capelas, santuários, altares

Templo de Zeus Olímpio ou Asclepieu. Este templo foi inicialmente atribuído à Asclépio, divindade relacionada à medicina porém mais recentemente passou a ser atribuído a Zeus Olímpico. Além disso vários indícios sugerem que a deusa Hera também era cultuada ali. O templo data do século III a. C.

  • AKURGAL, E.; Ancient Civilizations and Ruins of Turkey.
  • LABECA,; Foto Acervo Labeca
  • HELLMANN, M.; L’ Architecture Grecque. 2. Architecture religieuse et funéraire.
  • SIDERIS, A.; GRAF, F.; FERLA, K.; Priene.
Reconstituições > Reconstituições

Maquetes e modelos virtuais da cidade e sua região nos quais é possível observar com clareza a incorporação da topografia ao planejamento urbano.

  • ARAUJO, M. C. S. d.; A malha urbana na Grécia helenistica: as plantas ortogonais e sua adaptação ao terreno. Relatório de iniciação científica.
  • SIDERIS, A.; GRAF, F.; FERLA, K.; Priene.
Formas de ocupação da ásty > Grade urbana: acrópole, quarteirão, ágora, platéias, estenopes, orientação

O teatro de Priene é um dos mais antigos encontrados na Ásia Menor e apresenta as características principais de um teatro da época (século III a. C.). Ficava situado ao norte do ginásio superior e era completamente integrado à planta hipodâmica da cidade o que atesta sua importância. Aqui também a topografia foi incorporada ao planejamento e o teatro foi construído de forma a aproveitar a inclinação do terreno para a instalação do auditório.

  • AKURGAL, E.; Ancient Civilizations and Ruins of Turkey.
  • LABECA,; Foto Acervo Labeca
  • SIDERIS, A.; GRAF, F.; FERLA, K.; Priene.
Formas de ocupação da ásty > Grade urbana: acrópole, quarteirão, ágora, platéias, estenopes, orientação

Eclesiastério ou buleutério. Local onde se reunia a bulé, a mais importante instituição política da cidade. O buleutério de Priene ficava situado ao nordeste da ágora e foi provavelmente construído em duas fases sendo inicialmente um local a céu aberto e posteriormente coberto com um telhado. Os bancos em mármore acomodavam até 640 pessoas e estavam dispostos em forma de retângulo com uma parte aberta. O buleutério é mais um exemplo da incorporação do relevo à arquitetura já que o declive do local e as diferenças de níveis foram utilizados para facilitar a movimentação das pessoas.

  • AKURGAL, E.; Ancient Civilizations and Ruins of Turkey.
  • LABECA,; Foto Acervo Labeca
  • HELLMANN, M.; L’ Architecture Grecque. 1. Les principes de la construction.
  • SIDERIS, A.; GRAF, F.; FERLA, K.; Priene.
Reconstituições > Reconstituições

O teatro foi construído em várias etapas, sendo que o auditório foi construído primeiro, seguido pelo palco e pelo proscênio no século III a.C. Por volta do século II foram adicionados os assentos de mármore e o altar. As três diferentes fases construtivas estavam relacionadas ao uso do teatro e à maneira como ele operava. Inicialmente as apresentações aconteciam na orquestra, a fachada do proscênio era formada por portas que se alternavam com painéis de madeira decorados com pinturas nos espaços entre as colunas. Mais tarde foi feita uma reestruturação da fachada do andar superior do palco já que as peças passaram a ser apresentadas ali e com isso o local ganhou destaque. Em função dessa modificação os assentos oficiais tiveram que ser transferidos para uma posição mais alta para desfrutarem de uma vista melhor do proscênio. No século II a.C. o palco foi completamente reconstruído e a fachada foi destruída e reconstruída em estilo romano mais ao sul do que a original.

  • AKURGAL, E.; Ancient Civilizations and Ruins of Turkey.
  • SIDERIS, A.; GRAF, F.; FERLA, K.; Priene.
Formas de ocupação da ásty > Áreas sagradas: depósitos, templos, capelas, santuários, altares

O Templo de Atena Polias é considerado um dos mais magníficos exemplos da arquitetura grega. Sua construção começou logo após a re-fundação da cidade em 350 a. C. Já na antiguidade era reconhecido como um templo jônico modelo.
O arquiteto responsável por sua construção, Pítias, escreveu uma monografia ("O Templo de Atenas"), na qual ele descreve os princípios que seguiu ao fazer o projeto do templo. Este texto, graças a Vitrúvio, tornou-se um trabalho de referência e guia de estudo em tempos romanos e até depois. O templo foi construído em pedra calcária azul e cinza com 11 colunas do lado longo e seis colunas do outro, e era um hekatômpedo, o que significa que media cem pés de extensão.
O Templo de Atena Polias era um templo periptero, de ordem jônica. O comprimento da cela de 29,48 metros o equivalente a 100 pés áticos, exatamente a mesma medida do templo de Atena na acrópole de Atenas e também a cela seguia a medida daquela do Partenon. Havia ainda um prónaos e um opistódomo, o primeiro exemplo encontrado na Ásia Menor.

  • AKURGAL, E.; Ancient Civilizations and Ruins of Turkey.
  • LABECA,; Foto Acervo Labeca
  • BENEVOLO, L.; História da Cidade.
  • HELLMANN, M.; L’ Architecture Grecque. 1. Les principes de la construction.
  • HELLMANN, M.; L’ Architecture Grecque. 2. Architecture religieuse et funéraire.
  • SIDERIS, A.; GRAF, F.; FERLA, K.; Priene.
Formas de ocupação da ásty > Áreas sagradas: depósitos, templos, capelas, santuários, altares

Templos de Deméter e Koré, altar de Cibele, Casa Sagrada. O templo de Deméter e Koré foi construído logo depois da fundação da cidade em homenagem às duas divindades relacionadas à terra e à fertilidade. Essas duas deusas eram cultuadas por toda a Grécia desde tempos arcaicos e em todas as cidades gregas foram encontrados santuários dedicados a elas. A Casa Sagrada ficava localizada próxima ao portão oeste e nela foi localizado um santuário incomum e sem atribuição definida até o momento.

  • AKURGAL, E.; Ancient Civilizations and Ruins of Turkey.
  • HELLMANN, M.; L’ Architecture Grecque. 2. Architecture religieuse et funéraire.
  • SIDERIS, A.; GRAF, F.; FERLA, K.; Priene.
Formas de ocupação da ásty > Grade urbana: acrópole, quarteirão, ágora, platéias, estenopes, orientação

Os ginásios eram instituições públicas voltadas para a educação, treinamento musical e práticas esportivas para os jovens e eram encontrados em quase todas as cidades gregas da antiguidade. Inicialmente eram apenas áreas abertas situadas ao lado de áreas construídas da cidade ou relacionados à ágora. Depois, os ginásios se tornaram edifícios e a partir do século IV a.C. muitos seguiam um mesmo padrão: eram quadrados ou retangulares com um pátio interno medindo cerca de 354 metros e cercado por colunas dos 4 lados. Ao lado deste geralmente havia um outro espaço coberto para ser usado quando chovia. Em Priene os ginásios eram divididos em superior e inferior. Os adolescentes eram treinados na parte superior e os jovens adultos na parte inferior. Os equipamentos de treinamento, o óleo e os prêmios distribuídos nas competições eram doados pelos cidadãos de Priene.
O Ginásio Inferior assim como o estádio adjacente foram construídos no final do século II a.C. e ficavam na parte sul, próximos às muralhas. Assim como outros edifícios da cidade, o ginásio era caracterizado pela harmonia matemática entre suas unidades estruturais. Nos lados norte e oeste havia cômodos atrás das stoás. A parte norte é a mais bem preservada e tem 49,3 metros de comprimento. O ginásio inferior era formado por várias estruturas importantes tais como o propileu, a êxedra, a palestra, o pátio interno e o efebeu.

  • AKURGAL, E.; Ancient Civilizations and Ruins of Turkey.
  • HELLMANN, M.; L’ Architecture Grecque. 1. Les principes de la construction.
  • SIDERIS, A.; GRAF, F.; FERLA, K.; Priene.
Formas de ocupação da ásty > Áreas residenciais

As áreas residenciais em Priene eram dispostas ao redor das áreas públicas. Eram compostas por quarteirões, chamados de insulae pelos arqueólogos, com dimensões semelhantes, 40 x 50 metros seguindo uma proporção de 3:4. Em cada insula ficavam de 4 a 6 habitações contíguas que seguiam um mesmo padrão construtivo no qual os aposentos eram dispostos ao redor de um pátio interno. Algumas casas tinham dois andares. A maior parte das informações acerca das casas de Priene foram obtidas com base no trabalho dos arqueólogos alemães Wiegand e Schrader que escavaram 70 casas datando do período helenístico.

  • AKURGAL, E.; Ancient Civilizations and Ruins of Turkey.
  • LABECA,; Foto Acervo Labeca
  • BENEVOLO, L.; História da Cidade.
  • HELLMANN, M.; L’ Architecture Grecque. 2. Architecture religieuse et funéraire.
  • SIDERIS, A.; GRAF, F.; FERLA, K.; Priene.
Formas de ocupação da khóra > Manuseio da água: canais, cisternas, poços.

Priene era um local com grande potencial para um bom suprimento de água. Já nas fontes escritas há menções à existência de uma fonte atrás da acrópole com capacidade para suprir toda a cidade. Graças à topografia local, o declive acentuado do monte permitia que a água fosse armazenada em um reservatório no lado nordeste da cidade e distribuída através de canos por toda a cidade. A água em Priene era abundante, fluía de numerosas fontes localizadas em esquinas e pontos centrais, o que ajudava a criar uma imagem de prosperidade que não era vista inclusive em cidade mais ricas como Atenas, por exemplo.

  • LABECA,; Foto Acervo Labeca
  • SIDERIS, A.; GRAF, F.; FERLA, K.; Priene.
Formas de ocupação da ásty > Áreas sagradas: depósitos, templos, capelas, santuários, altares

A Stoá Sagrada foi construída na segunda metade do século II a.C. por volta do ano 150. Está situada ao norte da ágora porém em uma altura de 2,40m acima do nível da ágora o que atesta fisicamente sua importância. Seu comprimento era de 116,46 metros e em sua fachada haviam 49 colunas dóricas. Era necessário subir 6 degraus para atingir a stoá partindo da ágora. Sua fachada era formada por 49 colunas dóricas enquanto no interior uma sequência de 24 colunas dividia o espaço ao meio em dois corredores. As colunas internas eram mais altas e mais estreitas do que as externas, o teto era de madeira e o chão de terra batida. Havia 15 cômodos distribuídos na parte final e em todas as paredes pedimentos decorados com relevos do lado de fora e inscrições em honra de homens importantes do lado de dentro. No lado norte da stoa, acompanhando a parede de trás dos comôdos havia um corredor de 1 metro de largura que servia para facilitar a drenagem da água de chuva das casas vizinhas o que também ajudava a evitar o excesso de umidade na stoá. A Stoá sagrada fazia a ligação entre o eclesiatério e o pritaneu e a ágora.

  • LABECA,; Foto Acervo Labeca
  • HELLMANN, M.; L’ Architecture Grecque. 2. Architecture religieuse et funéraire.
  • SIDERIS, A.; GRAF, F.; FERLA, K.; Priene.
Formas de ocupação da ásty > Grade urbana: acrópole, quarteirão, ágora, platéias, estenopes, orientação

A ágora de Priene ficava posicionada ao sul da via do eixo leste-oeste. Suas funções, assim como na maioria das cidade gregas, eram políticas e religiosas e não comerciais. Em Priene isso era confirmado também pelo fato de que havia um mercado localizado próximo à ágora cuja finalidade era exclusivamente comercial. A ágora era um espaço aberto no centro da cidade com dimensões de 82,75 x 88,25 metros sendo portanto quase quadrada.

  • AKURGAL, E.; Ancient Civilizations and Ruins of Turkey.
  • LABECA,; Foto Acervo Labeca
  • BENEVOLO, L.; História da Cidade.
  • HELLMANN, M.; L’ Architecture Grecque. 1. Les principes de la construction.
  • HELLMANN, M.; L’ Architecture Grecque. 2. Architecture religieuse et funéraire.
  • SIDERIS, A.; GRAF, F.; FERLA, K.; Priene.