Gortina

Gortina localiza-se ao Sul do centro da ilha de Creta a cerca de 16 quilômetros do mar, pouco se sabe sobre a a origem e organização da polis durante o período Arcaico e Clássico, porém, habitantes de três assentamentos abandonaram seus vilarejos e se reorganizaram ao pé da cordilheira das três colinas localizadas nas porção Norte de Mesara por volta do século VII a.C.. Estes novos assentamentos que surgem provavelmente marcam um importante passo para formação de Gortina. Não há evidências da subdivisão do território, mas é possível concluir que Gortina tenha mantido controle sobre poleis secundárias. Outro tipo de relação mantida por Gortina foi com a cidade vizinha a Oeste, Faistos. As duas poleis formaram juntas uma simpoliteia entre os séculos V e IV. Os resquícios de maior relevância do período Clássico e Arcaico são o templo de Apolo Pítion, datado do século VII e construído a 700 m da acrópolis, e as inscrições do código de leis da cidade nas paredes de prédios públicos (HANSEN,2004:1161-1165).

Code: GOC
Actual name: Gortyn
Original idiom name: Γόρτυνς
Region: Grécia (Creta)
Sítio Arqueológico: archaeological site 1
Longitude: 24,946944
Latitude: 35,063333

Media

Formas de ocupação da ásty > Grade urbana: acrópole, quarteirão, ágora, platéias, estenopes, orientação

Os espaços públicos eram responsáveis por promover práticas ligada a um processo de integração da comunidade, no entanto, não se trata de um espaço completamente livre, seu uso é controlado e regulado, a ásty de Gortina abriga diversos destes espaços públicos como a ágora, o Templo de Apolo Pítio e a Acrópole.
É na ásty também que se localiza a famosa Grande Inscrição de Gortina, inserida desde o período romano no Odeon, mas que originalmente compunha a ágora.

  • SCHODER, R. V.; Ancient Greece from the Air.
  • MARGINESU, G.; Gortina di Creta: Prospettive epigrafiche per lo studio della forma urbana.
Formas de ocupação da ásty > Grade urbana: acrópole, quarteirão, ágora, platéias, estenopes, orientação

A Grande Inscrição que data da primeira metade do século V, entre 480 e 450 a.C é composta por 621 linhas distribuídas em doze colunas de escrita em bustofedron (a primeira linha é lida da esquerda para a direita, a segunda da direita para a esquerda e assim sucessivamente). A natureza do texto é jurídica e trata de direitos individuais do cidadão e da família (MARGINESU, 2005: 61) como no excerto traduzido por D. Comparetti no qual os direitos da mulher são especificados em caso de término do casamento devido ao falecimento de seu marido:
(Col. III, 11. 17-24) "Se o marido morre deixando um filho, a esposa, se desejar se casar novamente, levando com ela seus próprios pertences e qualquer coisa que seu marido tenha lhe dado, de acordo com o que foi estabelecido, na presença de três testemunhas, ela é livre para fazê-lo. Se ela levar qualquer um de seus filhos, há base para um julgamento." (VITA; RIZZO; ROSA 1985:45).
Quanto à epigrafia, trata-se de uma redação única pelo menos nas dez primeiras colunas, tipo de redação atípica para um texto de tal magnitude, são só nos dois últimos anos da escrita que se percebe uma mudança do epígrafe.
Acredita-se que a inscrição do código legal de Gortina estava inicialmente incorporada ao prédio da ágora da cidade. A forma circular das pedras que apresentam a inscrição remete a uma demarcação de um espaço político em uma construção que possuía diversos usos na vida urbana da cidade (MARGINESU, 2005: 61-64).
Estudos recentes apontam que a inscrição compunha a parte interna de uma parede externa de cerca de 30 metros de comprimento da ágora, que provavelmente não possuía cobertura sobre sua estrutura.
Ao final do período Helenístico a construção que recebia a Grande Inscrição foi desmontada e mais tarde remontada durante a era Imperial romana em outro prédio público, o Odeon, construído no ponto mais alto da antiga ágora grega (VITA; RIZZO; ROSA 1985:42-44).

  • VITA, A. D.; RIZZO, M. A.; ROSA, V. L.; Ancient Crete: A Hundred Years of Italian Archaeology (1884-1984).
  • HANSEN, M. H. (ed.); NIELSEN, T. H. (ed.); An Inventory of Archaic and Classical Poleis.
  • MARGINESU, G.; Gortina di Creta: Prospettive epigrafiche per lo studio della forma urbana.
  • BRACQUEMOND, A.; Grèce Bleue.
Formas de ocupação da ásty > Grade urbana: acrópole, quarteirão, ágora, platéias, estenopes, orientação

A ágora foi um espaço com fins políticos e com o propósito do exercício da cidadania, o edifício trazia em sua construção a Grande Inscrição, redigida em blocos de pedra semi-circulares que compunham uma parede externa de cerca de 30 metros deste edifício. O texto composto por leis e outras questões jurídicas evidencia o caráter político e cívico da ágora.
Quanto ao prédio da ágora é difícil saber sua estrutura de fato, pois na escavações só foram achados blocos dispersos, alguns integrados a outros edifícios públicos, como é o caso dos blocos que trazem a Grande Inscrição, reutilizados no Odeon (MARGINESU,2005:48-55).

  • SCHODER, R. V.; Ancient Greece from the Air.
  • MARGINESU, G.; Gortina di Creta: Prospettive epigrafiche per lo studio della forma urbana.
Fronteiras > Naturais: rios, topografia, mar

Gortina localiza-se ao Sul do centro da ilha de Creta a cerca de 16 quilômetros do mar. Gortina ganhou destaque sendo a maior cidade da ilha e a capital desta no período romano. Foram encontrados resquícios neolíticos na região da acrópole e evidências de habitações do período pós-micenico (SCHODER,1974:81).

  • SCHODER, R. V.; Ancient Greece from the Air.
  • MARGINESU, G.; Gortina di Creta: Prospettive epigrafiche per lo studio della forma urbana.
Formas de ocupação da ásty > Muros e posicionamento das portas

Foram reveladas as fortificações da cidade no período Helenístico que apresenta duas fases de construção distintas mas que possuem o mesmo padrão defensivo. O sistema defensivo da área residencial datada em torno do século IV a.C. se estende sobre a planície na margem esquerda do rio Mitropolianos, assim, incluindo o controle sobre as três colinas que se localizavam ao Norte.
Os traços da primeira fase da fortificação foram identificados na colina Oeste (Pervolopetra) e central (Armi), composta por paredes sobre fundações de 3,80 a 4,50 metros com entradas e canais para drenagem da água da chuva. Mais tarde, esta construção foi substituída por uma nova parede mais fina com torres quadradas.
A segunda fase é composta por um sistema datado da metade do século II a.C., com paredes duplas que ainda não passaram por investigações, no entanto, sabe-se a datação devido a uma decadracma de Atenas encontrada na fundação (VITA; RIZZO; ROSA,1985:70).

  • VITA, A. D.; RIZZO, M. A.; ROSA, V. L.; Ancient Crete: A Hundred Years of Italian Archaeology (1884-1984).
Formas de ocupação da ásty > Áreas sagradas: depósitos, templos, capelas, santuários, altares

O Templo de Apolo Pítion localizado a cerca de 700 m da acrópole e datado do século VII (HANSEN, 2004:1162) é um espaço público do qual emerge a definição de um espaço sagrado e político concomitantemente.
A área ao redor do templo pode ser descrita como uma área onde as formas de culto, independentemente de suas outras funções, têm um efeito fundamental na construção da identidade cívica.
No mais, o espaço público possui um sutil e íntimo vínculo com as instituições como mostra o exemplo redigido pelo historiador Litto Dosiada sobre uma cerimônia que demonstra que o Templo desempenha um papel vital na organização de educação cívica, na redistribuição da riqueza e como o centro simbólico da sociedade adulta masculina (MARGINESU,2005:43-44).
A primeira construção do templo era quadrada e dividida por quatro pilastras de madeira que sustentavam o teto. A parede externa e os degraus da "krepidoma" foram cobertas por inscrições arcaicas (a mais antiga data da segunda metade do século VII a.C). No período Helenístico (final do século III e começo do II a.C.), o templo recebeu novas estruturas como um monumental pronao decorado na fachada com seis meias-colunas da ordem dórica. Entre as colunas, quatro estelas possuiam inscrições gravadas sobre tratados entre Gortina e outras cidades cretenses e sobre Eumenes II (VITA; RIZZO; ROSA 1985:49).

  • VITA, A. D.; RIZZO, M. A.; ROSA, V. L.; Ancient Crete: A Hundred Years of Italian Archaeology (1884-1984).
  • HANSEN, M. H. (ed.); NIELSEN, T. H. (ed.); An Inventory of Archaic and Classical Poleis.
  • MARGINESU, G.; Gortina di Creta: Prospettive epigrafiche per lo studio della forma urbana.
  • HELLMANN, M.; L’ Architecture Grecque. 2. Architecture religieuse et funéraire.