Morgantina
A cidade de Morgantina está localizada perto da pequena cidade moderna de Aidone, no interior montanhoso da Sicília. A localidade foi usada desde a Idade do Bronze inicial pela população nativa do lugar (sículos, morguetes e também enótrios - (Estrabão, VI, 1,6), mas a presença grega é atestada desde o século VI a.C. A cidade comandava uma posição estratégica, no centro da ilha, controlando as antigas estradas que ligavam Gela ao Sul e Messina ao Nordeste e Catânia a Leste. Sem dúvida mantinha contatos com as cidades litorâneas do Sul, sobretudo Gela e Camarina. Os territórios de Morgantina e Leontinoi na costa oriental da Sicília faziam fronteira e sem dúvida em ocasiões era compartilhado entre as duas pólens. Para Diodoro Sículo, Morgantina era, por volta da metade do séc. V a.C., uma "axiologos pólis" ou seja, uma cidade digna de consideração, afirmativa que encontra respaldo na documentação arqueológica e nas fontes escritas, que relatam a intensa movimentação política por que passou a Sicília.
Code: MOR
Actual name: Morgantina
Original idiom name: Μοργαντίνη
Latin name: Murgantia
Region: Sicília (Centro)
Sítio Arqueológico: archaeological site 1
Longitude: 14,479166
Latitude: 37,429999
Media
Fronteiras > Naturais: rios, topografia, mar
Vistas gerais do sitio
Assim, o cuidado com que foram realizadas as escavações de Morgantina permitiu não apenas que se elucidasse o papel desempenhado por essa cidade ao longo de sua história - em outras épocas, intermediária entre os centros gregos ou entre os gregos e os indígenas; em outras, receptadora e distribuidoras da produção agrícola de toda uma região -, como também permitiu que se esclarecessem fatos importantes sobre temas muito específicos, próprios do mundo grego. Dentre estes merecem destaque as técnicas de construção e os projetos arquitetônicos e urbanísticos, os cultos, principalmente os de Deméter e de Perséfone, os rituais funerários, os contatos com o leste mediterrâneo na Idade do Bronze, os contatos entre gregos e indígenas no período arcaico, a introdução do sistema monetário romano. (Hirata e Florenzano,1993)
- MERTENS, D.; Città e monumenti dei Greci d’Occidente.
- HIRATA, E. F. V.; FLORENZANO, M. B. B.; Escavações em Morgantina: História de um trabalho arqueológico completo...
- SAVATTERI, G.; Finalmente a casa: La Venere di Morgantina.
- LABECA,; Foto Acervo Labeca
- FLORENZANO, M. B. B.; Relatório científico de viagem ao exterior
Formas de ocupação da ásty > Grade urbana: acrópole, quarteirão, ágora, platéias, estenopes, orientação
O buleutério ou "senado" foi encontrado no ângulo noroeste da ágora, junto à platéia A e o primeiro estenope em direção à colina ocidental.
Pôster explicativo. Buleutério - circa 250 a.C.
Planta do Buleutério. Pôster no sítio.
Planta do buleutério (de AJA 1963).
Painel de sítio com planta e explicação sobre o buleutério, ca. 250 a.C.
- LABECA,; Foto Acervo Labeca
- FLORENZANO, M. B. B.; Relatório científico de viagem ao exterior
- COARELLI, F.; TORELLI, M.; Sicilia - Guide Archeologiche Laterza.
Reconstituições > Reconstituições
Desenhos reconstitutivos de vários setores da ásty clássica de Morgantina.
Pôster explicativo. Desenho da ágora.
Reconstituição de edifício público: trapeza demotike. Reconstituição de E. Thorkildsen.
- LABECA,; Foto Acervo Labeca
- FLORENZANO, M. B. B.; Relatório científico de viagem ao exterior
- HOLLOWAY, R. R.; The Archaeology of Ancient Sicily.
- MINÀ, P.; Urbanistica e architettura nella Sicília greca.
Formas de ocupação da ásty > Áreas de trabalho: oficinas
Fornos de queima das vasilhas de cerâmica foram encontrados na área central de Morgantina. Um enorme forno datado do final do século III e século II a.C. foi escavado na parte sudeste da ágora, nas vizinhanças de um grande celeiro. E, interessantemente, um outro forno menor foi também escavado praticamente no interior do santuário central na ágora. Sobre o grande forno do século II a.C. deve-se lembrar que ele é de época de dominação romana e que o fato de estar praticamente sobre um trecho das muralhas gregas demonstram que essas muralhas já não tinham função nessa época.
Forno para a fabricação de cerâmica encontrado no santuário central, na ágora, no terraço inferior.
Painel de sítio com reconstituição do grande forno, séculos II-I a.C.
Painel de sítio com explicação sobre o grande forno, séculos II-I a.C.
- LABECA,; Foto Acervo Labeca
- FLORENZANO, M. B. B.; Relatório científico de viagem ao exterior
Formas de ocupação da ásty > Grade urbana: acrópole, quarteirão, ágora, platéias, estenopes, orientação
Platéias, estenopes e stoaí são elementos importantes no ordenamento do espaço em uma ásty que segue o planejamento ortogonal. As vias de Morgantina são quase todas pavimentadas e com limites na largura bem definidos. Na ágora, várias stoaí limitam o espaço nos quatro pontos cardeais: criando ofícios públicos, locais de reunião e lojas abrigados das intempéries.
Platéia A. Observe-se o traçado dos limites da rua e o calçamento.
Vista de leste para oeste. Final da stoá norte.
Vista de nordeste para sudoeste. Platéia A.
Vista de nordeste para sudoeste. Vestígios da stoá dórica.
Vista de nordeste para sudoeste. Detalhe da platéia A.
Vista de Nordeste para Sudoeste. Detalhe dos vestígios da stoá dórica.
Vista de Nordeste para Sudoeste. Detalhe dos vestígios da stoá dórica.
Plateia B que leva para casa do capitel dórico.
Estenope que vai para a casa da cisterna com arco.
Estenope que vai para a casa da cisterna com arco.
Painel de sítio com planta, explicação e reconstituição da stoá norte e o terraço, ca. 250 a.C.
Platéia A 1. Observe-se o revestimento do pavimento e a rua em escada como adaptação ao terreno.
Vista a partir do Leste de parte da stoá Norte. Observe-se os cômodos posteriores ao pórtico.
Painel de sítio com planta e explicação sobre a stoá oeste, ca. 225 a.C.
- HANSEN, M. H. (ed.); NIELSEN, T. H. (ed.); An Inventory of Archaic and Classical Poleis.
- LABECA,; Foto Acervo Labeca
- FLORENZANO, M. B. B.; Relatório científico de viagem ao exterior
Formas de ocupação da ásty > Grade urbana: acrópole, quarteirão, ágora, platéias, estenopes, orientação
O terraço superior e o inferior da ágora de Morganitna, estão separados por uma construção semelhante a uma escada, interpretada como um eclesiastério, local de assembléia dos cidadãos. Sua construção é datada entre o fim do século IV e início do III a.C.
Vista geral do eclesiastério, escalinata.
Vista geral do eclesiastério, escalinata.
Eclesiastério. Vista geral escalinata.
Painel de sítio com reconstituição do eclesiastério, ca. 250-225 a.C.
Painel de sítio com explicação sobre o eclesiastério, ca. 250-225 a.C.
- LABECA,; Foto Acervo Labeca
- FLORENZANO, M. B. B.; Relatório científico de viagem ao exterior
Formas de ocupação da ásty > Áreas sagradas: depósitos, templos, capelas, santuários, altares
Cittadella Instalações arcaicas.
No ponto mais alto de Morgantina, situado ao norte, em uma colina hoje denominada "Citadella", foram recuperados os mais antigos vestígios arqueológicos datados do período do Bronze.
O nome Citadella é documentado pelo menos desde o século XVI, quando aparece assinalado no mapa Mercator da Sicília. Esta denominação é provavelmente muito mais antiga e indicativa de seu papel como cidadela da cidade. A "Cittadella" é uma pequena colina cônica situada aproximadamente 600 m acima do nível do mar e a 300 m dos vales vizinhos; para sudoeste e nordeste, acha-se rodeada por platôs suaves que terminavam abruptamente em direção aos vales abaixo. Esta área foi a primeira onde os gregos se instalaram no século VI a.C. tendo construído uma muralha ao seu redor. A esta, no século V, veio juntar-se a muralha de época clássica. Na Cittadella foram desvelados vestígios de áreas sagradas e espaços residenciais. Da mesma forma, foram encontrados vestígios de pequenos santuários no entorno da Cittadella, no que seria território extra-urbano. As necrópoles localizadas encontram-se igualmente fora dos muros como se ve nos mapas abaixo.
Civitella, acrópole e cidade baixa: área de ocupação de época arcaica.(1:3000, Sjöqvist 1962)
Morgantina, Mapa da Área III (Cittadella) (desenhada por S. Curcic).
Painel de sítio com explicação sobre a Cittadella.
- MERTENS, D.; Città e monumenti dei Greci d’Occidente.
- LABECA,; Foto Acervo Labeca
Museu > Objeto arqueológico
Terracotas
Em Morgantina foram encontrados diversos tipos de terracotas votivas em depósitos associados a santários: estatuetas, prótomos, bustos, máscaras, relevos, frutos e animais, a maioria deles do séc. V a.C. em diante. Em inúmeros documentos materiais; estátuas, estatuetas, relevos, bustos, prótomos e na pintura de vasos, desde o período arcaico, encontramos a figura de Deméter com a tocha e o porquinho.
No final do séc. V e no início do séc. IV a.C., as oferendas de terracotas votivas nos santuários começaram a aumentar, principalmente a figura da deusa com o porquinho. Fragmentos de pelo menos duas grandes estátuas de culto da deusa segurando o porquinho foram achadas em Morgantina, além de centenas de estatuetas de terracota do mesmo tipo. Das mais de 2000 terracotas recuperadas das escavações em Morgantina até 1972, o primeiro volume da série, The Terracottas, de Malcolm Bell, publicado em 1981, compreende 1331 peças, abrangendo aquelas encontradas em Morgantina, todos os exemplares de Morgantina que se encontravam no Museu Nacional de Siracusa e um número reduzido de peças de Palermo. Apesar da quantidade expressiva, até a publicação do trabalho de Bell, os achados de Morgantina não abrangiam todos os períodos; faltavam muitos exemplares do arcaico, clássico inicial e helenístico tardio. Esse quadro no entanto começou a mudar após a descoberta de um conjunto de 72 terracotas sicilianas do tipo "ofertante feminina com tocha e porquinho" proveniente de Morgantina e datado da primeira metade do séc. IV a. C., período considerado ainda bastante obscuro na vida da cidade.
Em Morgantina, os anos entre 340-330 e 270-215 a.C. correspondem a períodos de intensa atividade coroplástica local e dão um testemunho importante do desenvolvimento das tradições artísticas desde a era de Timoleonte até a queda de Siracusa em 212 a.C. O estudo das terracotas desse período permite acompanhar a última fase da cultura grega na Sicília e, como bem colocado por Bell, na ausência de fontes escritas, são a mais completa evidência dos cultos praticados nos seus santuários e seu estudo poderá lançar uma luz sobre as crenças religiosas do homens e mulheres que as dedicaram.
Após a destruição de Morgantina pelos romanos em 211 a.C., o registro arqueológico indica que as habitações domésticas cessaram, os santuários foram saqueados, abandonados e a florescente produção local de terracotas teve então fim. (Jurkevics, 2003).
Busto de terracota. (Holloway, p.162)
Estatueta em terracota. Museu Aidone. (Holloway, p. 163)
Estatueta acéfala de Musa, em calcário. Final do s. III a.C.
Morgantina, Área III, planalto superior, altar portátil de terracota do Edifício Leste, Comôdo A.
- ; As estatuetas de terracota e o culto de Perséfone na Sicília: o caso de Morgantina.
- SAVATTERI, G.; Finalmente a casa: La Venere di Morgantina.
- CARRATELLI, G. P.; Sikanie: Storia e civiltà della Sicilia greca.
- HOLLOWAY, R. R.; The Archaeology of Ancient Sicily.
- LONGO, F.; JANNELLI, L.; CERCHIAI, L.; The Greek Cities of Magna Graecia and Sicily.
- MINÀ, P.; Urbanistica e architettura nella Sicília greca.
- RATHJE, A. (ed.); ANDERSEN, H. D. (ed.); HORSNÆS, H. W. (ed.); HOUBY-NIELSEN, S. (ed.); Urbanization in the Mediterranean in the 9th to 6th Centuries BC.
- SCAGLIONE, P.; Venere è tornata.
Formas de ocupação da ásty > Áreas residenciais
No final do século IV a.C. e durante o século III a.C., quando da reforma urbanística geral da ásty de Morgantina, inúmeras residências luxuosas foram construídas e/ou reformadas. Casas com vários cômodos, átrios peristilados, pinturas parietais, pavimentos impermeabilizados com mosaicos, providas de cisternas e pequenas piscinas foram estruturadas ao longo da planta ortogonal da cidade.
Vista aérea da casa de Ganimedes no bairro oriental da cidade, de fronte ao teatro.
Área residencial, pavimento com a inscrição em mosaicos.
Plateia B que leva para casa do capitel dórico.
Estenope que vai para a casa da cisterna com arco.
Estenope que vai para a casa da cisterna com arco.
Painel de sítio com planta e fotografia da Casa da Cisterna com Arco, s. III a.C.
Painel de sítio com explicação sobre a Casa da Cisterna com Arco, s. III a.C.
Painel de sítio com planta da Casa Pappalardo, s. III a.C.
Painel de sítio com explicação sobre a Casa Pappalardo, s. III a.C.
- LABECA,; Foto Acervo Labeca
- NEVETT, L. C.; House and society in the ancient Greek world.
- FLORENZANO, M. B. B.; Relatório científico de viagem ao exterior
- COARELLI, F.; TORELLI, M.; Sicilia - Guide Archeologiche Laterza.
- CARRATELLI, G. P.; Sikanie: Storia e civiltà della Sicilia greca.
- HOLLOWAY, R. R.; The Archaeology of Ancient Sicily.
- MINÀ, P.; Urbanistica e architettura nella Sicília greca.
Formas de ocupação da ásty > Manuseio da água: canais, cisternas, poços
Em um projeto urbanístico jamais pode faltar o cuidado com o abastecimento de água. Morgantina não é exceção. Inúmeras casas são dotadas de cisternas e poços. A canalização da água por via de manilhas é atestada em todo o sítio. E, no lado Leste da ágora foi escavada uma fonte monumental datada do século III a.C.
- LABECA,; Foto Acervo Labeca
- FLORENZANO, M. B. B.; Relatório científico de viagem ao exterior
Formas de ocupação da ásty > Muros e posicionamento das portas
A cidade era protegida por um sistema de fortificações que consistia de dois muros que a circundavam: o muro do século V e da expansão da ocupação pelo vale e o muro mais antigo, do século VI a.C., da Cittadella que depois virou acrópole. Assim, a área murada da cidade media de leste a oeste 2,4 km e na largura variava entre 580m até o diminuto valor de 140m. A abordagem pelo norte ou sul é muito íngreme, mas portões nestes lados davam acesso à área do mercado central. Um portão a oeste dava acesso à rua que percorria toda a extensão da cidade (platéia A).
- MERTENS, D.; Città e monumenti dei Greci d’Occidente.
- LONGO, F.; JANNELLI, L.; CERCHIAI, L.; The Greek Cities of Magna Graecia and Sicily.
- STILLWELL, R. (ed.); The Princeton Encyclopedia of Classical Sites.
Metodologia de pesquisa > Arqueologia do espaço
Escavações do Sítio
A caracterização geral do sitio arqueológico conhecido até 1956 como Serra Orlando ocorreu já em fins do século XIX, a a partir de escavações realizadas por L. Pappalardo entre os anos de 1882 e 1884. Já desde esta época, ricas residências helenísticas providas de pisos com mosaicos haviam sido identificadas. Em 1912, P. Orsi, eminente arqueólogo siciliano, fez neste sítio algumas trincheiras experimentais, identificando assim mais algumas estruturas arquitetônicas, definidas como de época helenística e romana. Estas e mais as notícias de uma ou outra escavação clandestina realizada no local, permitiam entrever que este deveria ter sido um sítio de alguma importância na Antiguidade.
Partindo destas informações reduzidas e esparsas, a Universidade de Princeton (E.U.A.) deu início em 1955 à primeira temporada de escavações arqueológicas em Serra Orlando. Estas foram realizadas sob a direção de R. Stillwell e de E. Sjöqvist, sistematicamente até 1963 quando foi anunciada uma pausa a fim de que a documentação material e os registros obtidos em campo pudessem ser organizados de modo a esclarecer melhor os problemas colocados e direcionar com maior eficácia o trabalho seguinte. Em 1966 as escavações foram retomadas mas pararam logo em 1967 devido a enfermidade do Prof. Sjöqvist. Em 1968, foram novamente retomadas, mas como empreendimento conjunto com a Universidade de Illinois e dirigidas por um dos antigos estudantes da equipe da década de 1950, o Prof. H. L. Allen. O sítio foi então escavado por cinco anos consecutivos, de 1968 a 1972, quando mais duas novas áreas foram abertas. Teve início, então, uma pausa bem maior causada ao que tudo indica por problemas financeiros e que durou até 1980. Nesse ano, com o apoio das Universidades de Virginia e de Princeton, do governo italiano e de muitas outras instituições americanas e italianas as escavações prosseguiram. Embora de maneira não sistemática, também os italianos escavaram neste sítio, nos anos de 1979 e 1985.
O que mais chama a atenção nestas escavações norte americanas de Morgantina é a forma sistemática como foram realizadas e a procura constante pela "perfeição" tanto na recuperação da documentação quanto na sua apresentação e análise.
- HIRATA, E. F. V.; FLORENZANO, M. B. B.; Escavações em Morgantina: História de um trabalho arqueológico completo...
- RATHJE, A. (ed.); ANDERSEN, H. D. (ed.); HORSNÆS, H. W. (ed.); HOUBY-NIELSEN, S. (ed.); Urbanization in the Mediterranean in the 9th to 6th Centuries BC.
Fronteiras > Naturais: rios, topografia, mar
Flora em Morgantina hoje.
- LABECA,; Foto Acervo Labeca
Formas de ocupação da khóra > Espaços funerários: necrópoles, enterramentos aleatórios
As necrópoles estavam localizadas fora da cidade: a mais antiga, datada dos sécs. VI e V, situa-se próximo da "Cittadella" e apresenta tumbas escavadas nas rochas; uma segunda área funerária data de 330 a 210 a.C. aproximadamente e foi implantada junto ao muro Oeste; a mais recente, do século II, está localizada a cerca de 100 m da cidade em direção também oeste. (Hirata e Florenzano, 1993)
- MERTENS, D.; Città e monumenti dei Greci d’Occidente.
- HIRATA, E. F. V.; FLORENZANO, M. B. B.; Escavações em Morgantina: História de um trabalho arqueológico completo...
- VERONESE, F.; Lo spazio e la dimensione del sacro: santuari greci e territorio nella Sicilia arcaica
- MINÀ, P.; Urbanistica e architettura nella Sicília greca.
- RATHJE, A. (ed.); ANDERSEN, H. D. (ed.); HORSNÆS, H. W. (ed.); HOUBY-NIELSEN, S. (ed.); Urbanization in the Mediterranean in the 9th to 6th Centuries BC.
Formas de ocupação da ásty > Grade urbana: acrópole, quarteirão, ágora, platéias, estenopes, orientação
O teatro de Morgantina, como tantos teatros do mundo grego, foram construídos e reformados ao longo dos séculos. Sua primeira fase edificatória é do século IV e início do III a.C. Localizava-se
no extremo sul da cidade, nas imediações da ágora e de um santuário dedicado às divindades ctônicas.
Teatro. Vista geral de Sudeste/Noroeste.
Vista geral do eclesiastério, escalinata.
Vista gral da ágora, a partir do teatro. Em sentido Norte.
Teatro. Vista geral desde o NE. Observe-se o tipo de inserção na paisagem da cidade.
Vista geral da ágora com teatro ao fundo.
Teatro. Cena e parte da cávea. Aidone.
Teatro, vista geral 5, a partir do NE.
Painel de sítio com reconstituição e explicação sobre o teatro, s. III a.C.
- LABECA,; Foto Acervo Labeca
- FLORENZANO, M. B. B.; Relatório científico de viagem ao exterior
- CARRATELLI, G. P.; Sikanie: Storia e civiltà della Sicilia greca.
Formas de ocupação da ásty > Manuseio da água: canais, cisternas, poços
Fonte
Afora toda a canalização para água encontrada em Morgantina, foram igualmente descobertos dois grandes reservatórios, inicialmente com capacidade para cerca de 52000 dm³, e uma fonte monumental localizada nos arredores da ágora. A fonte abastecia toda a área central da cidade. A captação da água para o reservatório era a partir de uma jacente próxima e também de água pluvial captada por meio do próprio telhado do edifício e da stoá vizinha. A "Casa das águas", desde sua construção, datada de aprox. 275-250 a.C., sofreu sucessivas reformulações permanecendo, no entanto, por quase duzentos anos como uma fonte pública e água destinada a atender as necessidades da ágora. O contínuos esforços no intuito de adequá-la a esta função, à medida que a demanda crescia, significam que a provisão de água era considerada um encargo político característico de uma pólis.
Painel de sítio com reconstituição e explicação sobre a fonte monumental do século III a.C.
Ruínas da fonte monumental, vista do sudoeste para o nordeste.
- HIRATA, E. F. V.; FLORENZANO, M. B. B.; Escavações em Morgantina: História de um trabalho arqueológico completo...
- LABECA,; Foto Acervo Labeca
- FLORENZANO, M. B. B.; Relatório científico de viagem ao exterior
- HOLLOWAY, R. R.; The Archaeology of Ancient Sicily.
Fronteiras > Naturais: rios, topografia, mar
Pouco se conhece da khóra de Morgantina. É certo que foi uma cidade agrícola como demonstram os achados de prensas para óleo e vinho e apetrechos para o preparo de grãos similares aos documentados em muitas outras áreas do interior da Sicília. Igualmente, as fontes textuais referem-se a Morgantina como um verdadeiro celeiro o que também é indicado pelo forte culto a Deméter e a Koré atestado no local. As escavações, no entanto, abrangem a área central do estabelecimento e não os seus arredores. (Hirata e Florenzano, 1993)
- HIRATA, E. F. V.; FLORENZANO, M. B. B.; Escavações em Morgantina: História de um trabalho arqueológico completo...
- LABECA,; Foto Acervo Labeca
- FLORENZANO, M. B. B.; Relatório científico de viagem ao exterior
Fronteiras > Naturais: rios, topografia, mar
Localizada no coração da Sicília na fronteira do território controlado por Siracusa/Leontinoi, a área na qual a cidade foi estabelecida corresponde atualmente a localidade de Serra Orlando, 6km quilômetro ao nordeste de Aidone, num platô isolado extendendo-se por 2,8 km. Platô este formado por duas colinas e um vale central. Numa das colinas denominada Cittadella,a 535 m acima do nível do mar, a Leste, foram encontrados os mais antigos vestígios da instalação grega da cidade, datados do século VI a.C. Em período posterior, no século V a.C., esta colina tornou-se a acrópole da cidade, quando o traçado urbano se estendeu pelo vale e para a outra colina. A partir de então, fica consolidada a tranferência total do núcleo urbano da "Cittadella" para a nova área.
Supõe-se que os fundadores gregos de Morgantina tenham sido originários de Leontinoi e de Catânia. Os rios que passam por Morgantina são o rio Gornalunga, que deságua em Catânia e o rio Gela, que flui para o sul, em direção à cidade do mesmo nome. Sua posição era portanto estratégica; no cruzamento de rotas que passavam e direção ao centro da Sicília ou que dela provinham em direção ao centro da Sicília ou que dela provinham para as regiões costeiras, transformando-a num centro lógico de comércio e base para operações militares. (Jurkevics, 2003)
Pouco se conhece da khóra de Morgantina. É certo que foi uma cidade agrícola como demonstram os achados de prensas pra óleo e vinho e apetrechos para o preparo de grãos similares aos documentados em muitas outras áreas do interior da Sicília. As escavações, no entanto, abrangem a área central do estabelecimento e não os seus arredores. (Hirata e Florenzano, 1993)
Planta do lado leste da pólis.
Civitella a partir do oeste (Bell).
Civitella, acrópole e cidade baixa: área de ocupação de época arcaica.(1:3000, Sjöqvist 1962)
- AA.VV.,; Aidone et Morgantina. Viaggio in Sicilia.
- ; As estatuetas de terracota e o culto de Perséfone na Sicília: o caso de Morgantina.
- MERTENS, D.; Città e monumenti dei Greci d’Occidente.
- HIRATA, E. F. V.; FLORENZANO, M. B. B.; Escavações em Morgantina: História de um trabalho arqueológico completo...
- VERONESE, F.; Lo spazio e la dimensione del sacro: santuari greci e territorio nella Sicilia arcaica
- LONGO, F.; JANNELLI, L.; CERCHIAI, L.; The Greek Cities of Magna Graecia and Sicily.
Formas de ocupação da ásty > Grade urbana: acrópole, quarteirão, ágora, platéias, estenopes, orientação
Macellum é o nome latino para mercado. A parte central da ágora era ocupada por uma série de pequenos santuários com pequenos templos e altares — os quais, também, eram vitais para o funcionamento da vida política da cidade. Um desses santuários foi obliterado em época romana pela construção de um macellum: um prédio grande e quadrado que atuava como um mercado coberto, consistindo de um grande pátio anexo, o qual era formado por uma estrutura circular coberta (tholos) com pórticos e lojas, similares à aqueles em Pompéia ou Pozzuoli. Seu posicionamento era no terraço superior da ágora, onde até hoje se vêem suas fundações.
Macellum romano na ágora mais alta.
Macellum. Vista a partir do sul.
- LABECA,; Foto Acervo Labeca
- FLORENZANO, M. B. B.; Relatório científico de viagem ao exterior
- LONGO, F.; JANNELLI, L.; CERCHIAI, L.; The Greek Cities of Magna Graecia and Sicily.
Museu > Exposições e arquitetura
Um dos projetos dos escavadores norte-americanos de Morgantina foi de criação de um Museu do Sitio Arqueológico, formalmente aberto ao público na cidade de Aidone, próxima ao sítio, em 1984. É importante que se ressalte a preocupação destes arqueólogos com a divulgação dos resultados de seus trabalhos junto à população local, através da criação de um museu regional. Neste sentido, a Superintendência de Antiguidades da Sicília meridional e central promoveu a restauração de um antigo convento da ordem dos Capuchinhos, datado do séc. XVII, instalando aí o museu; na igreja anexa ao edifício, decorada no estilo rococó siciliano, são realizadas conferências e eventos públicos. Embora hoje seja relativamente difundida a tendência à regionalização dos museus, fornecendo às populações da áreas escavadas um contato mais estreito com o trabalho arqueológico, o mesmo não pode se afirmar em relação ao que ocorria, no início dos anos 60. Merece. portanto, destaque o empenho dos arqueólogos de Princeton, viabilizando este projeto.
- LABECA,; Foto Acervo Labeca
- FLORENZANO, M. B. B.; Relatório científico de viagem ao exterior
Formas de ocupação da ásty > Grade urbana: acrópole, quarteirão, ágora, platéias, estenopes, orientação
O traçado urbano na ásty de Morgantina data do século V a.C. Assim comprovam os dados arqueológicos recuperados ao longo da platéia A e em outras partes do sítio. O perfeito posicionamento da ágora na grade urbana justamente nos permite datar o planejamento desse espaço público no início do século V a.C., ainda que os prédios associados, tanto em seu perímetro quanto em seu interior, tenham sido construídos somente depois. (CERCHIAI; JANNELLI; LONGO, 2002)
A parte cívica, pública da cidade localizava-se no vale entre as duas colinas e a praça principal, ágora, tinha dois níveis, dois terraços separados por um conjunto de degraus provavelmente utilizado como local de reunião e de assembléias (eclesiastério). A nova configuração urbanística apresenta uma vasta área monumental central que engloba a ágora, o teatro, vários edifícios públicos e uma nova área de habitação. A extensão do plano ortogonal para as áreas subjacentes ao platô inicialmente ocupado indicam uma população crescente e uma economia em expansão.
O programa urbanístico-arquitetônico implantado nos períodos III (segundo quartel do séc. III) e IV (segunda metade do séc. III a 211 a.C.) significa um grande esforço empreendedor no sentido de dotar a cidade de uma infraestrutura básica e eficiente no que diz respeito à circulação de pessoas e armazenamento de gêneros alimentícios o que permite supor uma certa proeminência em relação às póleis vizinhas, certamente em função de sua localização estratégica. Com efeito, a maioria dos edifícios públicos, as residências luxuosas, um grande celeiro, e o santuário central dedicado às divindades crônicas foram construídos ou reformados nessa época.
Olanta com elevação da ágora, área central cívica da cidade. (M. Bell).
Planta da ágora de Morgantina com os principais edificios cívicos. (M. Bell)
Painel de sítio com planta, explicação e reconstituição da stoá noroeste, ca. 250 a.C.
Planta geral da ágora e a colina oeste com as oficinas cerâmicas. (D. Mertens e M. Schützenberger)
Ágora e edifícios circundantes (de AJA 1983).
Área central/ espaço cívico da cidade na fase helenística. (D. Mertens e M. Schützenberger).
Pôster explicativo. Desenho da ágora.
Macellum romano na ágora mais alta.
Plateia A. Pôster explicativo.
Painel de sítio com reconstituição e explicação sobre a fonte monumental do século III a.C.
Forno para a fabricação de cerâmica encontrado no santuário central, na ágora, no terraço inferior.
Painel de sítio com planta, explicação e reconstituição da stoá norte e o terraço, ca. 250 a.C.
Painel de sítio com planta da ágora e o bairro residencial leste.
Vista gral da ágora, a partir do teatro. Em sentido Norte.
Painel de sítio com planta indicando a plateia A, séculos V-I a.C.
Painel de sítio com planta da stoá dórica, s. III a.C.
Pôster explicativo. Desenho da ágora.
Ágora, desenho em pôster no sítio.
Stoá leste na área cívica. (M. Bell).
Vista geral da ágora com teatro ao fundo.
Painel de sítio com reconstituição e planta do celeiro leste, ca. 250-225 a.C.
Painel de sítio com explicação sobre o celeiro leste, ca. 250-225 a.C.
Painel de sítio com reconstituição do edifício público, ca. 250-225 a.C.
Painel de sítio com explicação sobre o edifício público, ca. 250-225 a.C.
Planta do lado leste da pólis.
Ágora. Em primeiro plano o pórtico que ladeia o lado longo.
Painel de sítio com explicação sobre a ágora e o bairro residencial leste.
Planta do mercado romano (ou helenístico) instalado no centro da área cívica.
- MERTENS, D.; Città e monumenti dei Greci d’Occidente.
- LABECA,; Foto Acervo Labeca
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Formas de ocupação da ásty > Áreas sagradas: depósitos, templos, capelas, santuários, altares
Santuários
Em Morgantina não foram encontrados templos propriamente ditos, mas, ao menos quatro capelas dedicadas a Deméter e Perséfone e caracterizadas pela presença de um adyton, e uma enorme quantidade de estatuetas de terracota. Em muitas localidades do sítio foi atestada a presença do culto a Deméter graças à presença de pequenos altares móveis e estatuetas típicas do culto desta deusa. Mas, é o santuário central, na ágora de Morgantina, o mais imponente, com o seu bóthros para a deposição de oferendas e realização de rituais.
Quando, ao final da II Guerra púnica, em 211 a.C., Siracusa caiu diante dos romanos, a cidade de Morgantina foi especialmente destruída pelos conquistadores. Com efeito, o lastimável estado dos santuários de Deméter e Perséfone após a queda de Siracusa foi apontada por alguns estudiosos, como resultados dos cultos a essas deusas estarem envolvidos em algum tipo de resistência aos romanos o que justificaria este tratamento brutal.
Santuário central de Deméter e Perséfone na área cívica. Altar e Bóthros.
Santuário central de Deméter e Perséfone. Bóthros.
Santuário central de Deméter e Perséfone. Bóthros.
Santuário central de Deméter e Perséfone. Bóthros.
Santuário central de Deméter e Perséfone. Bóthros.
Santuário central de Deméter e Perséfone. Bóthros.
Santuário de Deméter e Perséfone. Pôster explicativo.
Painel de sítio com planta do santuário central de Deméter e Perséfone, séculos V-I a.C.
Painel de sítio com explicação sobre o santuário central de Deméter e Perséfone, séculos V-I a.C.
Painel de sítio com planta do mercado e do santuário, séculos V-I a.C.
Painel de sítio com explicação sobre o mercado e o santuário, séculos V-I a.C.
- HIRATA, E. F. V.; FLORENZANO, M. B. B.; Escavações em Morgantina: História de um trabalho arqueológico completo...
- LABECA,; Foto Acervo Labeca
- VERONESE, F.; Lo spazio e la dimensione del sacro: santuari greci e territorio nella Sicilia arcaica
- FLORENZANO, M. B. B.; Relatório científico de viagem ao exterior