Túrio

Depois da derrota sofrida por Síbaris em 510 a.C., os sibaritas tentaram insistentemente, mas sem sucesso re-fundar sua cidade. Finalmente, em 446 a.C. com a ajuda de um contingente de atenienses e de outros gregos do Peloponeso fundaram uma nova Síbaris. A vida dessa nova cidade durou pouco, já que os antigos sibaritas não conseguiram entrar em acordo com os novos colonos. Os atenienses, que lideravam esse grupo, mais outros gregos que vieram da metrópole finalmente promoveram a fundação de Túrio no ano de 444 a.C. Esta foi uma fundação pan-helênica, que foi proposta por Péricles, e feita no território da antiga Síbaris. Túrio ficou famosa na tradição escrita por acolher Hipódamo de Mileto que teria projetado a malha urbana da cidade, Heródoto que provavelmente passou o final de sua vida e foi enterrado na ágora de Túrio e Protágoras que teria escrito a sua constituição. Em 194 a.C. a cidade foi reduzida pelos romanos e passa a se chamar Copiae.

Code: TUR
Actual name: Sibari
Original idiom name: Θούριοι/ Θουρία/Θούριος
Latin name: Thurium
Region: Itália (sul) (Lucânia)
Archaeological site: archaeological site 1
Longitude: 16.49111
Latitude: 39.715555

Media

Formas de ocupação da ásty > Manuseio da água: canais, cisternas, poços

A cidade de Síbaris e posteriormente a de Túrio, foram instaladas em área pantanosa e passaram por vários momentos de drenagem, desde a antiguidade. A provisão de canais de escoamento de água da chuva ou de água usada e o abastecimento de água limpa para o uso era um fator fundamental em qualquer cidade grega, sobretudo naquelas em áreas pantanosas como neste caso. Assim, todas as ruas eram prosistas de canais. Note-se estas cidades, justamente por estarem em área pantanosa foram descobertas somente na primeira metade do século XX e que ainda hoje, o sítio arqueológico tem que ser permanentemente drenado tanto para que os visitantes possam vê-lo quanto para que os arqueólogos possam trabalhar!

  • FLORENZANO, M. B. B.; A contribuição das colônias ocidentais na construção da identidade poliade: subsídios do uso e da organização do espaço.
  • FLORENZANO, M. B. B.; Relatório científico de viagem ao exterior
Formas de ocupação da ásty > Áreas residenciais

A maior parte das casas encontradas em Túrio e hoje visíveis no sítio arqueológico datam da época romana. Ainda assim, muitas delas aproveitaram o que havia restado das casas gregas ou forma construídas por cima delas. Em algumas de nossas imagens isto é bem visível: os três níveis de ocupação da cidade concretiza-se materialmente através das escavações arqueológicas: A grande e poderosa cidade de Síbaris, destruída pelos crotoniatas em 510 a.C.; o período de abandono da cidade; a instalação da Túrio na metade do século V a.C. e finalmente a cidade romana, muito menor e menos influente, no século II a.C.

  • FLORENZANO, M. B. B.; A contribuição das colônias ocidentais na construção da identidade poliade: subsídios do uso e da organização do espaço.
  • FLORENZANO, M. B. B.; Relatório científico de viagem ao exterior
  • LONGO, F.; JANNELLI, L.; CERCHIAI, L.; The Greek Cities of Magna Graecia and Sicily.
Formas de ocupação da ásty > Grade urbana: acrópole, quarteirão, ágora, platéias, estenopes, orientação

Nessa reconstituição é possível constatar a relação territorial entre Síbaris, pertencente ao período arcaico, com sua sucessora Túrio de fundação pan-helênica. Devido a conflitos internos, Túrio não iria prosperar e futuramente seria tomada pelos romanos, dando lugar a Copiae. Como podemos observar, escavações mostraram que as áreas habitadas por cada uma não coincidiam exatamente porém ainda assim constata-se uma sobreposição. Síbaris se estendia para o norte em direção ao antigo rio Coscile, enquanto que as outras ocupavam a porção leste do território (no período arcaico essa região era coberta pelo mar). Depois, Copiae ocuparia apenas a porção sul de Túrio. Nas escavações realizadas foi possível detectar em algumas áreas vestígios das três ocupações sobrepostas, como observado nas imagens.

  • HANSEN, M. H. (ed.); NIELSEN, T. H. (ed.); An Inventory of Archaic and Classical Poleis.
  • LABECA,; Foto Acervo Labeca
  • FLORENZANO, M. B. B.; Relatório científico de viagem ao exterior
  • LONGO, F.; JANNELLI, L.; CERCHIAI, L.; The Greek Cities of Magna Graecia and Sicily.
Formas de ocupação da ásty > Grade urbana: acrópole, quarteirão, ágora, platéias, estenopes, orientação

Mesmo com a ocupação pela cidade de Copiae posteriormente no território, ainda hoje é possível ver a malha urbana planejada, como podemos observar nas imagens as ruas antigas (platéias e estenopes) mantiveram-se com o fim de Túrio. Apesar da construção de edificações romanas, ficam perceptíveis as ocupações anteriores através das estruturas encontradas no local.
Ao longo da platéia B, ao sul da malha urbana foi localizada uma área pública identificada com o fórum de Copiae. Hipoteticamente podemos também situar aqui a ágora (ou uma das ágorai) gregas de Túrio. Esta é mencionada nas fontes escritas; o próprio Heródoto teria sido enterrado na ágora. Mas, a rigor, nem ela e nem os seus edifícios foram identificados (Ver Inventory, 2004: 304-307 para os textos). De acordo com Diodoro, (XII, 10,6) o núcleo urbano tinha uma muralha que o circundava, mas, do ponto de vista arqueológico nada foi encontrado dos seus trechos. Em uma localidade chamada Casa Bianca, no sudeste da planta, ao longo da platéia B, foi localizada uma porta monumental e com torres dos muros, que se abria sobre instalações que parecem ser portuárias, no rio Crato. A platéia B justamente ligava esta porta ao espaço do fórum romano onde se imagina estaria a ágora grega (Florenzano, 2006: 55).

  • FLORENZANO, M. B. B.; A contribuição das colônias ocidentais na construção da identidade poliade: subsídios do uso e da organização do espaço.
  • HANSEN, M. H. (ed.); NIELSEN, T. H. (ed.); An Inventory of Archaic and Classical Poleis.
  • LABECA,; Foto Acervo Labeca
  • FLORENZANO, M. B. B.; Relatório científico de viagem ao exterior
  • LONGO, F.; JANNELLI, L.; CERCHIAI, L.; The Greek Cities of Magna Graecia and Sicily.
Formas de ocupação da khóra > Áreas residenciais: vilas, fazendolas

A área de Stombi é muito interessante pois aquiforam encontrados vestígios de residências datados do século V a.C., ou seja, depois da destruição de Síbaris por Crotona. No entanto, estes vestígios dizem respeito a uma única casa, portanto deveria estar na khóra de Túrio. Por outro lado, também foram encontrados muitos vestígios arcaicos, residenciais, e portanto do período em que esta área fazia parte de Sibaris. Da ásty de Síbaris ou seria já um bairro residencial periférico?

  • MERTENS, D.; Città e monumenti dei Greci d’Occidente.
  • GRECO, E.; Magna Grecia: Guide Archeologiche Laterza.
Formas de ocupação da ásty > Grade urbana: acrópole, quarteirão, ágora, platéias, estenopes, orientação

Em Túrio, a discussão sobre a malha urbana é, sobretudo, teórica, tendo em vista que sobraram muitos textos a seu respeito e pouquíssimos vestígios materiais até o momento. Esta discussão gira principalmente em torno de um texto famosíssimo de Diodoro Sículo (XII, 10,6-7) que descreve o traçado da cidade (Florenzano, 2006: 55). A malha de Túrio fora projetada por Hipodamo de Mileto, que além do planejamento urbano também era envolvido com o debate político da época, por conta disso observa-se como a forma de construção da cidade está relacionada com um modelo de sociedade ideal. Nas representações dessa cidade e em documentos escritos vemos como Túrio fora planejada, como dito anteriormente, o historiador grego Diodoro Sículo, que viveu no século I a.C., descreveu que quatro platéias atravessaram a cidade em seu comprimento e eram cortadas por outras três platéias na largura, o resultado disso eram grandes quarteirões que se formavam e que foram divididos por estenopes. Ainda segundo seu relato essas quatro platéias principais chamavam-se Herakleia, Aphrodisia, Olympias e Dionysias, enquanto que as outras três que as cruzavam chamavam-se Heroa, Thuria e Thurina. Com o estudo aprofundado dos sítios arqueológicos descobertos, por exemplo os identificados nas plantas aqui referenciadas como o Parque do Cavalo, Prolongamento da Estrada e Casa Bianca, junto com relatos históricos, foi possível fazer a reconstituição da antiga área urbana de Túrio e de seu sistema de ruas, além disso foram observados os vestígios das antigas cidades evidenciados aqui nas imagens para se compreender também o funcionamento de cada uma delas. Túrio, como Síbaris, foi colocada no litoral, entre os rios Crato e Sibaris (hoje Coscile) que na antiguidade estavam distantes um do outro 3km. O cálculo feito a partir das escavações, à luz do texto de Diodoro, permite-nos reconstruir uma cidade quadrada, com duas linhas de quarteirões e que tinha uma área de 70 hectares. De acordo com os vestígios arqueológicos, a planta tinha o lado sul situado a pouca distância da margem esquerda do rio Crato (Florenzano, 2006: 55).

  • FLORENZANO, M. B. B.; A contribuição das colônias ocidentais na construção da identidade poliade: subsídios do uso e da organização do espaço.
  • MERTENS, D.; Città e monumenti dei Greci d’Occidente.
  • LABECA,; Foto Acervo Labeca
  • FLORENZANO, M. B. B.; Relatório científico de viagem ao exterior
  • LONGO, F.; JANNELLI, L.; CERCHIAI, L.; The Greek Cities of Magna Graecia and Sicily.
  • CARRATELLI, G. P. (ed.); The Greek world: art and civilization in Magna Graecia and Sicily.
Formas de ocupação da ásty > Grade urbana: acrópole, quarteirão, ágora, platéias, estenopes, orientação

O teatro de Túrio foi encontrado em Parco del Cavallo e na estrutura atual é de época romana.

Formas de ocupação da ásty > Áreas de trabalho: oficinas

Alguns dos objetos encontrados em Túrio, hoje em dia expostos no Museu local. Os píthoi e os instrumentos para a fabricação de óleo e vinho são elementos importantes quando achados em escavações e bem posicionados. Sua identificação permite ao arqueólogo compreender a função das estruturas que escava. Os píthoi são grandes recipientes utilizados para o armazenamento tanto de grãos quanto de óleo.

  • LABECA,; Foto Acervo Labeca
  • FLORENZANO, M. B. B.; Relatório científico de viagem ao exterior
  • CARRATELLI, G. P. (ed.); The Greek world: art and civilization in Magna Graecia and Sicily.