Cartago

Cartago (Qart Hadasht, em fenício: "cidade nova") foi uma colônia tíria, isto é, da cidade fenícia de Tiro (Siro-Palestina), fundada sobre o promontório do Cabo Bon, na área da atual cidade de Túnis, na Tunísia, Norte da África.
Os relatos sobre sua fundação nas fontes textuais convergem para a data de 814 a.C., e, de fato, escavações arqueológicas no sítio de Cartago revelaram fundações da primeira metade do século VIII a.C.
Como considera-se que uma implantação leve algumas décadas para se fazer sentir materialmente, a data de 814 a.C. tem sido aceita pelos pesqusiadores como crível.
Em 1979 o sítio arqueológico de Cartago foi declarado patrimônio mundial da humanidade. Desde então, campanhas de escavação têm sido realizadas por equipes tunisianas e internacionais sob o patrocínio da UNESCO.
Atualmente, o sítio faz parte do Cartago-Sidi Bou Said Parque Nacional.

Code: CAR
Actual name: Túnis
Original idiom name: Qart hadasht (fen.) / Καρχηδών (gr.)
Latin name: Carthago
Region: Norte da África (Tunísia)
Archaeological site: archaeological site 1
Longitude: 10.330833
Latitude: 36.858056

Media

Fronteiras > Naturais: rios, topografia, mar

Este conjunto de mapas de Cartago apresenta a divisão do território da península sobre a qual a cidade se desenvolveu. O istmo que a conecta com o território norte-africano possui 4.440 metros de largura. Trata-se de um sítio tipicamente fenício: voltado para o mar, portanto também contando com sua proteção, e com controle terrestre do ponto de contato com a hinterlândia e com as populações indígenas para além desta.
A linha da costa foi bastante modificada desde a antiguidade. O mapa Krings, 1995. p.380 abaixo, reconstitui as possíveis antigas linhas da costa, o que é importante para, por exemplo, indentificar-se o primeiro porto de Cartago, que teria sido instalado para o sul dos portos do século III a.C.
O mapa Guzzo 2007, p.60 apresenta as principais áreas hoje identificadas do sítio púnico: os portos (século III a.C. - posteriormente monumentalizados pelos romanos); o tofet (santuário infantil a céu aberto datado do início da fundação da cidade); áreas de habitação; uma área aberta a qual se supõe funcionasse como local de encontro (ágora?). Vê-se, igualmente, as colinas que circundam o núcleo da cidade púnica: Byrsa (fenício Barsat = fortaleza), Juno e, ao norte, Megara, subúrbio agrícola. As necrópoles, igualmente, se estenderam da colina de Byrsa para o norte do sítio, abarcando, além de Byrsa, a colina de Juno e a área entre o mar, a leste, e o planalto do Odeão. A primeira imagem, Slim 2003, p.79a traz uma reconstituição da cidade púnica no século III a.C.
Os portos do século III a.C. podem ser vistos nas imagens Slim 2003, p.79a; p.95a; Safar 2004.
O coração da cidade púnica estava situado sobre uma planície litorânea e era protegido por uma cinta de colinas sobre as quais, inicialmente, como mencionado acima, desenvolveram-se as necrópoles da cidade (planaltos de Borj-Djedid e do Odeão; colina de Juno e de Byrsa ) e, que, com o crescimento de Cartago a partir do século IV-III a.C., acabaram sendo reutilizadas como moradia, como é o caso da principal colina, Byrsa.
Este núcleo era protegido por uma muralha sobre o istmo, a oeste, de quase 33 km. A região sul do sítio era pantanosa e concentrou as áreas de produção metalúrgica e vidreira. Acredita-se que o primeiro porto, tentativamente localizado nesta área, teria sido abandonado devido a estas condições topográficas.
A partir do século IV a.C., o núcleo inicial expandiu-se para o norte, formando a Neapolis ("cidade nova"). A cidade, então, estendeu-se ainda mais para o norte em um grande subúrbio semi-rural, denominado Megara, como pode ser visualizado na imagem Mahjoubi 2002, p.9apt.

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Formas de ocupação da khóra > Fortificações

Fortificações.

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  • KRINGS, V. (ed.); La Civilisation Phénicienne et Punique. Manuel de recherche.
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Formas de ocupação da khóra > Áreas residenciais: vilas, fazendolas

Cadastro rural.

  • ENNABLI, A.; A Site of Cultural and Natural Interest, Carthage.
  • BOLLATI, R.; BOLLATI, S.; Siracusa: genesi di una città. Tessuto urbano di Ortigia.
Formas de ocupação da ásty > Áreas residenciais

Área residencial de Byrsa.

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Formas de ocupação da ásty > Áreas residenciais

Casas.

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  • MARKOE, G.; Phoenicians.
  • MOSCATI, S. (ed.); The Phoenicians.
Formas de ocupação da ásty > Grade urbana: acrópole, quarteirão, ágora, platéias, estenopes, orientação

Byrsa.

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Formas de ocupação da ásty > Muros e posicionamento das portas

Segundo as fontes textuais, uma grande muralha, com quase 33 km, protegia o núcleo de Cartago sobre a península do Cabo Bon. O que representaria um área de 250 ha. Apiano (Libyca, 95) fala de uma muralha tripla, ocidental, que atravessaria o istmo ao longo de quase 5 km, protegendo a cidade e seus subúrbios do território continental norte-africano. Acredita-se que fosse um sistema de defesa constituído por três elementos distintos: um fosso, uma paliçada posta sobre uma elevação de terra e a muralha propriamente dita. Ainda seguindo Apiano, o muro teria 9 metros de largura e 15 metros de altura. Era ameado e dividido por torres dispostas a intervalos de 60 metros. Possuiria dois andares: em baixo, estábulos permitiriam a guarda de até 300 elefantes. Em cima, as cavalariças poderiam acolher até 4.000 cavalos. O andar superior igualmente abrigaria os depósitos de forragem e cevada; alojamentos para 20.000 soldados de infantaria e 4.000 cavaleiros.
Arqueologicamente, todo este complexo não pôde ainda ser atestado em este nível de detalhamento. No entanto, chama atenção tal descrição do período romano, quando a memória do poderio cartaginês estava ainda viva. Neste sentido, pensa-se que uma muralha tão sofisticada fosse contemporânea às reformas efetuadas nos portos, e portanto, datadas do século III a.C.
Ao sul, esta muralha seria simples, margeando o Lago de Túnis, e termindo às portas do porto comercial. Ao norte, que possui uma topografia mais escarpada (Gamarth, La Marsa e Sidi bou Saïd), igualmente haveria uma muralha simples coroando o relêvo.
Porções deste conjunto de defesa e demarcação territorial foram revelados arqueologicamente. Por exemplo, como vemos na imagem Ennable 2005, p.33b, e reconstituição em Slim 2003, p.89b., a partir do trabalho realizado pela equipe alemã atuando em Cartago. Esta equipe identificou, portanto, não apenas as fundações da muralha cartaginesa em diversos pontos ao longo da linha litorânea, como também identificou, reutilizados, blocos formadores da elevação e blocos dentados, pertencentes ao coroamento dos muros. Interessantemente, estes blocos possuem um revestimento acentuadamente branco, o que foi interpretado como um padrão helenístico.

  • ENNABLI, A.; A Site of Cultural and Natural Interest, Carthage.
  • BENICHOU-SAFAR, H.; Le tophet de Salammbô à Carthage. Essai de reconstitution.
  • MAHJOUBI, A.; Punic Tunisia: 6th century B.C. to 146 B.C.
  • MOSCATI, S. (ed.); The Phoenicians.
Formas de ocupação da ásty > Áreas sagradas: depósitos, templos, capelas, santuários, altares

Capela Carton.

  • KRINGS, V. (ed.); La Civilisation Phénicienne et Punique. Manuel de recherche.
Formas de ocupação da ásty > Áreas de trabalho: oficinas

Moinho.

  • LANCEL, S.; Byrsa II: Mission Archéologique Française à Carthage. Rapports préliminaires sur les fouilles 1977-1978: niveaux et vestiges puniques.
Formas de ocupação da khóra > Áreas de trabalho

Pedreiras de El Haouaria.

  • ENNABLI, A.; A Site of Cultural and Natural Interest, Carthage.
Museu > Objeto arqueológico

Objetos Arqueológicos.

Formas de ocupação da ásty > Relacionamento e ligações entre a grade urbana e o porto

As imagens Moscati 1999, p.61 e 210; Safar 2004, pranchas III e IV; Ennabli 2005, p.12a e Mahjoubi 2002, p.11c têm em comum o fato de nos mostar em vistas aéreas e fotos em solo, atuais, as duas lagunas que formaram, na antiguidade os famosíssimos portos militar (laguna circular) e comercial (laguna retangular) de Cartago.
A imagem Krings 1995, p.380 apresenta:
1. Tofet; 2. plano d'água do porto circular; 3. plano d'água do porto retangular; 4. quadrlátero Falbe (chôma); 5. acesso aos portos, abrigado pela ponta de dique do chôma.
Assim Políbio descreveu os portos cartagineses à época da IIIª Guerra Púnica (texto adaptado):
"Os portos comunicam-se um com o outro. Adentra-se, vindo do mar aberto, por uma única passagem de mais de 20 metros, usualmente fechada por correntes de ferro. O primeiro cais abrigava os navios comerciais (laguna retangular), e ali se encontrava os mais variados tipos de amarras. No cais interior (laguna circular) encontra-se uma ilhota bem no meio. Tanto a ilha como o cais estavam divididos por grandes áreas de embarque. Estas áreas de embarque possuíam docas construídas para abrigar 220 navios. Cada doca possuía câmaras para abrigar os equipamentos necessários para manobrar-se as trirremes. Cada doca era flanqueada por uma coluna jônica, o que dava ao cais um ar de pórtico. Sobre a ilhota foi construído um pavilhão para o comandante dos navios de guerra (nauarkos), a partir deste pavilhão a trombeta anunciava as movimentações com seu soar, os arautos davam as ordens e o comandante tinha o controle direto de tudo que acontecia (Apiano, Lybica, 96).
Um ponto que chama a atenção, na verdade desde a antiguidade, é a engenhosidade cartaginesa. Pois conseguiu organizar, aproveitando-se da topografia do local, os dois portos essenciais para sua existência, o comercial e o militar, de maneira que o primeiro ficasse aberto ao seu entorno, e portanto ao Mediterrâneo, e o segundo ficasse protegido da espionagem.

  • GUZZO, M. G. A.; Carthage
  • ENNABLI, A.; MAHJOUBI, A.; SLIM, H.; BELKHOJA, K.; Histoire générale de la Tunisie.
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  • MOSCATI, S. (ed.); The Phoenicians.
Fronteiras > Naturais: rios, topografia, mar

Vistas da colina de Sidi Bou Saïd

Formas de ocupação da ásty > Áreas sagradas: depósitos, templos, capelas, santuários, altares

Tofet.

  • ENNABLI, A.; A Site of Cultural and Natural Interest, Carthage.
  • PICARD, C. G.; Carthage, a survey of Punic history and culture from its birth to the final tragedy,
  • ENNABLI, A.; MAHJOUBI, A.; SLIM, H.; BELKHOJA, K.; Histoire générale de la Tunisie.
  • KRINGS, V. (ed.); La Civilisation Phénicienne et Punique. Manuel de recherche.
  • MARKOE, G.; Phoenicians.
  • MOSCATI, S. (ed.); The Phoenicians.
Formas de ocupação da ásty > Manuseio da água: canais, cisternas, poços

Abastecimento de água.

  • BENICHOU-SAFAR, H.; Le tophet de Salammbô à Carthage. Essai de reconstitution.
Formas de ocupação da khóra > Espaços funerários: necrópoles, enterramentos aleatórios

Necrópole.

  • KRINGS, V. (ed.); La Civilisation Phénicienne et Punique. Manuel de recherche.
  • MOSCATI, S. (ed.); The Phoenicians.
Reconstituições > Reconstituições

Reconstituições.

  • ENNABLI, A.; A Site of Cultural and Natural Interest, Carthage.
  • LANCEL, S.; Byrsa II: Mission Archéologique Française à Carthage. Rapports préliminaires sur les fouilles 1977-1978: niveaux et vestiges puniques.
  • MOSCATI, S. (ed.); The Phoenicians.
Formas de ocupação da ásty > Áreas sagradas: depósitos, templos, capelas, santuários, altares

Capela em Sidi Bou Saïd.

  • KRINGS, V. (ed.); La Civilisation Phénicienne et Punique. Manuel de recherche.
Formas de ocupação da ásty > Áreas residenciais

Quarteirão residencial de Mago.

  • ENNABLI, A.; A Site of Cultural and Natural Interest, Carthage.
  • ENNABLI, A.; MAHJOUBI, A.; SLIM, H.; BELKHOJA, K.; Histoire générale de la Tunisie.
migração > imagens banco antigo

Detalhe Arquitetônico.